21º Domingo Depois de Pentecostes



Continua-se a ler no ofício divino as histórias de Macabeus que se bateram pela pátria e tradições de povo eleito. A vida cristã é também um combate contínuo que se vai desenrolando através dos tempos e em que estão igualmente em jogo a glória de Deus e a salvação do povo. E nesta luta, que quase todo o povo cristão deve travar, fica bem desinteressado o ardor do cavaleiro e sem mancha que se bate até cair sem sangue, gritando, num último arranco, o nome de seu Rei e Senhor. Lembremo-nos que nós como eles combatemos pela fé de nossos pais, pelo patrimônio sagrado de filhos de Deus, que devemos colocar acima de todos os títulos e grandezas da Terra. Todos estes imenso tesouros espirituais, que guardamos em vasos de barro, são ameaçados constantemente pelas forças do mal em rebelião perpétua contra Deus. A luta não se trava contra os homens, diz São Paulo, mas com os espíritos das trevas, cuja ação é grandemente poderosa e deletéria. E o Apóstolo convida-nos que nos armemos como as aramas de Deus: Com a fé, com a verdade, com a justiça com o evangelho da paz e da caridade. O Intróito é um hino de confiança na vitória: "Todas as coisas dependem da vossa vontade, Senhor, e nada há que lhe possa resistir".


O gradual e a comunhão exprimem os mesmos sentimentos de esperança invencível. Sentimos realmente dentro de nós uma força nova, ao erguermos a nossa voz débil a um Deus Onipotente, que se compraz em ajudar os que o invocam. A Igreja, que sabe os rudes combates que temos de sustentar, coloca-nos assim nos lábios orações magníficas para nos infundir coragem e nos dobrar a misericórdia divina. Não obstante, porém, o auxílio do Céus, a nossa fraqueza e inconstância não nos permite agüentar por muito o peso da peleja sem deixar terreno ao inimigo. É nestes momentos culminantes que devemos recorrer mais do que nunca a misericórdia de Deus. O Evangelho nos diz que ela é infinita e que nunca nos poderá faltar, se nunca a negarmos àqueles que no-la pedem também.


Evangelho de Domingo:


Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo São Mateus: Naquele tempo:
Disse Jesus a seus discípulos: Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos.
Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.
Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida.
Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!
Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida.
Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: Paga o que me deves!
O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei!
Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida.
Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado.
Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste.
Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti?
E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida.
Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração.
(Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.)

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