I Domingo depois da Epifania: “Encontro de Jesus no Templo, no meio dos doutores”.



Todo Judeu, depois de completar doze anos, devia celebrar em Jerusalém as festas Litúrgicas de Israel, a Páscoa, o Pentecostes e os Tabernáculos. A Liturgia deste Período, que nos vem apresentando desde o presépio a infância do Salvador, faz-nos hoje subir a escarpa da cidade Santa e contemplar no templo o divino infante a interrogar, com doze anos apenas, os encanecidos e sábios doutores da lei. E não foi isto, diz Santo Ambrósio, sem um alto e profundo designo da providência. Queria ensinar por este modo aos doutores e a todos nós que três dias após a tragédia do Calvário, aquele que morrera para a redenção do mundo e que todos julgavam morto havia de ressuscitar e de se impor à nossa fé, sentado num trono de Glória, como caminho, como verdade, e como a Vida. Deste pensamento, que domina a liturgia de hoje, podemos deduzir salutares princípio de renovação cristã. Todos sabem muito bem que formados pela fé um só Corpo com Jesus Cristo. Ora para ocuparmos o lugar que nos compete como órfãos eficientes no corpo de Jesus Cristo devemo-nos integrar evidentemente, antes que mais nada no pensamento superior que se dirige esse corpo, compenetrarmo-nos da sabedoria de Jesus Cristo Nosso Senhor. E o pensamento de Jesus, tão clara e admiravelmente expresso na pobreza do presépio, na humildade da sua vida oculta, na caridade da vida pública e na abnegação do Gógota, foi-nos condensado pelo mesmo salvador naquela pequenina frase do Evangelho de hoje: “É necessário que eu viva ocupado nas coisas do meu Pai”. Esta Sabedoria celeste escapa de certo à rudeza do nosso entendimento. Contrariando os instintos da carne em virtude da penitência e das renuncias que nos impõe indo por vezes até ao ponto de sacrificar as nossas aspirações mais legítimas, estamos longe de compreender o que lhes disse: “E não compreenderam o que lhe disse”. Resta-nos seguir aqui e sempre o exemplo de Maria “que conservava todas as coisas em seu coração”, e meditando na atitude que o Senhor tomou no templo, pedir a Deus a sabedoria para ver o que nos convém e força e vida para cumpri-lo.

Leitura da Epístola de São Paulo aos Romanos: Irmão, eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito. Em virtude da graça que me foi dada, recomendo a todos e a cada um: não façam de si próprios uma opinião maior do que convém, mas um conceito razoavelmente modesto, de acordo com o grau de fé que Deus lhes distribuiu. Pois, como em um só corpo temos muitos membros e cada um dos nossos membros tem diferente função, assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro.

Continuação do Santo Evangelho segundo São Lucas: Naquele Tempo Tendo Jesus atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem. Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos. Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele. 46. Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição. Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai? Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera. Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens.

Fonte: (Missal Cotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre Beneditino da Abadia de Santo Andre – 1950)

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