Cardeal Dom Eugênio fala sobre o Carnaval - Parte III

Ganhou mais um capítulo na mídia o fato de ser cogitada a reserva de lugares para a prática do nudismo. Apresentam como justificativa o falso direito de alguns cidadãos de andarem despidos. Chega-se ao ridículo, com a argumentação de nossos antepassados índios assim viverem. Todos sofremos com a violência. Urge denunciar serem eles efeito do desprezo à Lei de Deus. Avança o narcotráfico proporcionalmente à desagregação das famílias. Os massacres entre grupos de facínoras, em plena cidade, revelam uma situação anômala. O mesmo ocorre, ao condenarem a Polícia quando reprime os que praticam ações ilegais. A irracionalidade se revela na seguinte verificação: se o soldado mata, mesmo em defesa das instituições e resguardados os justos limites de sua ação, é matéria de destaque, mas se é morto por bandido, merece ordinariamente simples e obscura referência.
A culpa não é somente do Carnaval, mas também dos que promovem o consumo da droga, os bailes violentos, a jogatina, a prostituição, a ilusão dos preservativos diante do mortífero HIV, a luxúria, expondo tudo o que desperta as paixões libidinosas. Cada cidadão que assim age, por palavras e atitudes, promove a destruição da estrutura ética de uma sociedade. Merecem lugar de especial destaque os que se acovardam diante de uma opinião pública que condena qualquer restrição moral, a pretexto de respeito à liberdade.
Mesmo sozinhos, criticados ou rejeitados por uma mentalidade paganizada, reafirmemos a dignidade do corpo humano que, um dia, na expressão de São Paulo (Fl 3,21) o Senhor o transfigurará 'conformando-o ao seu Corpo glorioso, pela força que lhe dá poder de submeter a si todas as coisas'. Nestes dias que antecede o Carnaval reflitamos sobre uma passagem do Catecismo da Igreja Católica (nº 2354): 'A pornografia consiste em retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros, de maneira deliberada. (...) Atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes, público) porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e de um proveito ilícito. Mergulha uns e outros na ilusão de um mundo artificial (...) As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos'. Praza aos céus que assim aconteça.
Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales
Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro
Fonte: Arquidiocese do Rio de Janeiro

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