CATECISMO ROMANO - Creio em Deus... Parte II



Quão superior não deve ser, aos nossos olhos, o conhecimento que a fé nos dá da essência divina, para qual a contemplação da natureza não leva em geral todos os homens, enquanto a luz da fé propriamente o franqueia a todos os crentes?

Tal conhecimento está depositado nos artigos do Símbolo. Explana-nos a unidade da essência divina, a distinção das três pessoas. Ensina-nos que o último fim do homem é o próprio Deus, do qual deve o homem esperar a posse da celestial e eterna felicidade, segundo a qual a doutrina de São Paulo: "Deus retribuirá aos que o procuram"(Heb 11, 6).

Para mostrar a grandeza dessa recompensa, e como a inteligência é de si mesma incapaz de imaginá-la, o profeta Isaías disse muito antes do mesmo Apóstolo: "Nunca ninguém ouviu, nem ouvido algum percebeu, nem olhar algum enxergou, a não serdes vós, ó meu Deus, o que tendes preparado para os que em vós esperam"(Is 64, 4).

 Das explicações dadas, segue-se também a obrigação de confessar que há um só Deus, e não vários deuses. A razão é óbvia. A Deus atribuímos suma bondade e perfeição. Ora, em vários seres não pode havê-la em grau sumo e absoluto. Se a um deles falta alguma coisa para ser sumamente perfeito, é imperfeito, e por isso mesmo não lhe compete a natureza divina.

Não devemos estranhar as sagradas escrituras, por vezes, aplique o nome de "deuses" a seres criados. Quando chama de deuses aos juízes e profetas (Eph 4, 5), não o faz à moda dos gentios que, louca e impiamente, imaginavam a existência de várias divindades. Como tal expressão, quer apenas designar algum poder ou encargo extraordinário, que lhes foi confiado pela munificência de Deus.

A fé cristã crê, pois, e confessa que Deus é uno em natureza, substância e essência, conforme o definiu o Símbolo do Concílio de Nicéia, em confirmação da verdade (já que o dogma é apenas a confirmação de uma verdade de fé já existente e que após ser cuidadosamente estudada, é considerada pela autoridade eclesiástica como uma verdade incontestável). Mas subindo mais alto, ela crê de tal maneira em Deus Uno que, ao mesmo tempo, adora a unidade na Trindade, e a Trindade na unidade. E desse mistério que iremos tratar na próxima aula.

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes)

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