CATECISMO ROMANO - Nosso Senhor

Entre as muitas afirmações na sagrada escritura a respeito de Nosso Salvador, é óbvio reconhecer que umas lhe convém como Deus, outras como homem. Das duas naturezas diversas, ele recebeu as diversas propriedades. Assim dizemos, como todo o acerto, que Cristo é Onipotente, Eterno e Imenso. Estes atributos lhe advêm da natureza divina. Quando dizemos também que sofreu, morreu e ressurgiu, ninguém duvida que tais fatos só podem ser atribuídos a natureza humana.

Mas existem outros atributos que convém a ambas as naturezas, como o nome de Nosso Senhor, que ora lhe damos. Se, portanto, este nome se aplica a uma e outra natureza, é com toda razão que deve ser chamado de Nosso Senhor.

Do mesmo modo que ele é Deus Eterno como o Pai, Assim também é como o Pai, Senhor de todas as coisas. Como ele e o Pai não são dois Deuses distintos, mais inteiramente o mesmo Deus, assim ele e o pai não são dois Senhores diferentes.

Com razão é chamado de Nosso Senhor também em sua condição de homem. Há muitos títulos que o justificam. Em primeiro lugar, por ser nosso Redentor, e nos ter livrados de nossas culpas, recebeu por direito deveras de ser deveras e chamar-se de Nosso Senhor.

E, o que ensina o apóstolo: "Humilhou-se a Si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por essa razão, Deus também o exaltou, e deu-lhe um nome acima de todos os homens, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho, dos que estão no Céu, na Terra, e nos Infernos; e toda língua reconheça confessando que Jesus Cristo está na glória de Deus pai". Após a ressurreição, disse de si mesmo: "A mim foi dado todo poder do Céu e da Terra".

E também chamado de Senhor, porque reúne numa só pessoa duas naturezas, a divina e a humana. Ainda que Cristo por nós não morrera, contudo essa admirável união. O terias constituído soberano Senhor de todas as criaturas, em particular dos fiéis que lhe prestam obediência, e que o servem com o maior afeto do coração.

Devemos ter em mente que como fiéis, levando em nós de Cristo o nome de cristãos, não podemos ignorar os imensos benefícios que nos cumulou, máxime e bondade com que, pela luz da fé, nos fez conhecer todos estes mistérios. Convém, pois, com força repeti-lo, que nós - com maior obrigações que outros mortais - para sempre façamos entrega e consagração de nós mesmo a Nosso Senhor e Redentor, na qualidade de escravos totalmente seus.

Na verdade assim à porta da Igreja, quando recebíamos a iniciação do batismo. Ali declaramos que renunciávamos a Satanás e ao mundo, para nos consagrarmos inteiramente a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, desde que, para entrar na milícia cristã, nos entregamos a Nosso Senhor, por tão santo e solene compromisso, que castigo não mereceríamos, se, depois de entrar no grêmio da Igreja, depois de conhecer a vontade e os desejos de Deus, depois de receber as graças dos sacramentos, fôssemos viver segundo as normas do mundo e do demônio, como se no dia do batismo nos houvéramos alistado no serviço do mundo e do demônio, que não de Cristo Senhor e Redentor.

Em vista de tanto amor e benignidade para conosco, que coração se não sentiria abrasado de amor por tão grande Senhor? Apesar de nos ter debaixo de seu poder e domínio, como servos remidos pelo seu sangue, Cristo nos ama com tais extremos já não mais chama de servos, mas de amigos e irmãos. Esta é, sem dúvida, a mais justa, e talvez a mais forte de todas as razões porque devemos para todo o sempre reconhecê-lo, venerá-lo, e servi-lo como Nosso Senhor.

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes - 1962)

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