Liturgia: O altar (Acessórios do Altar - Parte II)

Para concluirmos com o fim deste módulo no qual estamos tratando sobre o altar e seus acessórios, hoje falaremos sobre os componentes do altar e outras partes que constituem a igreja.

Os acessório prontamente ditos, isto é, tudo que é parte integrante do altar, suas guarnições e as dependências do altar, em prol do culto divino. Os acessórios são: os degraus, as banquetas, o retábulo e o tabernáculo.

Os degraus: Qualquer altar deve ter, pelo menos, um degrau. Quanto ao altar-mor, convém que haja três. Seu significado vai além da hierarquia superior que oferece o santo sacrifício, como também por ser a parte mais elevada da igreja, já que por meio do altar se oferece a Deus o santo sacrifício.

Banquetas: São também degraus, em número de dois ou somente um, ao modo de prateleira, situados atrás do altar e nos quais se colocam os castiçais, os relicários, as estátuas e os ramos de flores.

O Retábulo (do latim, retro e tabula): A princípio era consoante a etimologia, uma segunda mesa atrás do tabuleiro do altar e fazendo de estante para receber os castiçais e demais adornos da igreja. Até o século XIV, não se prendia ao altar, para não esconder a cadeira episcopal que era colocada ao fundo da abside. Depois, só fizeram retábulos fixos, para cuja construção laçaram mão dos materiais mais preciosos.

O Tabernáculo: É o mais importante dos acessórios do altar. Nem por isso deixa de ser acessório, isto é, dispensável. Nem todos os altares terão tabernáculos, e na origem nenhum possuía. Os padres da Igreja e até simples fiéis levavam para casa e ali guardavam a Santíssima Eucaristia. A ela destinavam um armário adornado e fechado, no qual deixavam o pequenino cofre com a partícula sagrada. Mais tarde, conservava-se as Santas espécies no sacrarium, ou armário colocado perto do altar, ou também em torres móveis que se conduziam habitualmente à sacristia, trazendo-se ao altar só na hora da comunhão dos fiéis. Já no século XII, em muitas igrejas catedrais e conventuais, se guardava a Santíssima Eucaristia, quer numa pomba, quer numa caixinha de ouro ou prata, suspensa no ciborium. No século XVI é que os armários e suspensões foram substituídos pelo tabernáculo, desde então fazem parte do altar.

Segundo a rubrica da Igreja, é preciso que o tabernáculo seja forrado, inteiramente, com pano de seda branca e envolvido, exteriormente, por uma cortina chamada conopeu ou pavilhão; este acessório é sinal de veneração e nos recorda a presença do Senhor ao despertar a devoção dos fiéis.

Agora falaremos sobre as guarnições do altar, que nada mais são: as toalhas, o antipendium, a cruz e os castiçais. Também iremos abordar sobre as guarnições do altar que são: A credencia, a mesa da comunhão e a lâmpada do Santíssimo.

As toalhas: Haverá para cobrir o altar, três toalhas (uma, dobrando-se, pode servir por duas). Tem por fim absolver o Preciosíssimo Sangue caso caísse por acidente, pois os panos são de purificação mais fácil que a pedra. As toalhas devem ser cânhamo¹ ou linho (lembrando que o Santo corpo de Nosso Senhor após sua morte, foi envolto em linho puro). O bispo, ou quem ele delegar, é que benze as toalhas.

Antipendium ou frontal: A rubrica encarece, se bem que não o importa, o frontal na frente do altar. A benção deste adorno não é obrigatória.

A Cruz: A rubrica preceitua que se coloque no altar um crucifixo, para nos recordar que o santo Sacrifício da Missa é o mesmo sacrifício do Calvário.

Luzes: O emprego das luzes é muito antigo. Encontramo-lo no Antigo Testamento. Nas origens do cristianismo, era mesmo absolutamente necessário o uso de velas, porque nada se via nas galerias subterrâneas das Catacumbas, onde se realizavam os atos de culto. Mas isso não tirava a demonstração de respeito, honra e deferência, que as luzes constituíam. Assim como se levavam tochas adiante dos príncipes, para manifestar profundo acatamento, era necessário e bastante conveniente que fulgurassem os círios diante do Príncipe dos príncipes, Nosso Senhor Jesus Cristo.

A princípio os castiçais eram postos em qualquer lugar do templo. Desde o século XII, começaram a serem postos em estantes e nas banquetas do altar. Os círios representam a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tem que ser feitos de cera de abelha, não de sebo ou de outra composição qualquer (não é bem isso que fazem hoje em dia).

A Credência: É uma mesinha que fica a direita do altar, para que nela sejam depositados os objetos que serão utilizados nas cerimônias da missa: galhetas, prato para as abluções, e nas missas solenes o livro dos evangelhos, o cálice preparado e o véu umeral.

A mesa da Comunhão: trata-se de uma grade que separa o presbitério da nave da Igreja e que fica coberto de toalhas, ao pé da qual se ajoelham os fiéis, para receberem a comunhão. Na sua origem era uma mesa retangular, com cerca de 30 centímetro de largura.

Lâmpada do Santíssimo: É prescrição rigorosa conservá-la acesa, sem nenhuma interrupção, ao menos uma lâmpada no interior do santuário diante do altar onde reside o santíssimo sacramento. O que deve alimentar esta lâmpada é azeite de oliveira; mas o bispo permite que as igrejas pobres utilizem outros tipos de óleos minerais, petróleo e essência de petróleo.

A lâmpada que fica de sentinela e guarda de honra junto a Nosso Senhor simboliza, ao mesmo tempo, Jesus Cristo, luz do mundo, e as três virtudes teologais do católico: fé, esperança e caridade que lhe há de abrasar o coração de amor para com a Hóstia Santa.

1 - Cânhamo: sm. 1.Bot. Planta herbácea da família das canabidáceas [Cannabis sativa (v. cânabis], amplamente cultivada em muitas partes do mundo. As folhas são finamente recortadas em segmentos lineares; as flores, unissexuais e inconspícuas, têm pêlos granulosos que, nas femininas, segregam uma resina; o caule possui fibras industrialmente importantes, conhecidas como cânhamo; e a resina tem propriedades estupefacientes (v. maconha e haxixe). [Sin.: cânave, cânhamo-da-índia e maconha.] 2.Fibra, fio ou tecido de cânhamo. 3.Bot. Designação comum a várias plantas têxteis.

Resumo

O Altar é constituído de acessórios, guarnições e suas dependências que visam o aproveitamento e enriquecimento do culto divino.

Os degraus, as banquetas, o retábulo e o tabernáculo constituem os acessórios do altar, como o nome em si diz são partes integrantes do altar mas de caráter dispensáveis.

A Cruz, as luzes, as toalhas e o antipendium constituem as guarnições do altar.

As dependências do altar são: a credência, a mesa da comunhão e a lâmpada do santíssimo.

Todos os objetos de uso litúrgico apresentados foram se desenvolvendo ao longo da história da Igreja com finalidade de promover o culto a Deus e desenvolver a piedade dos fiéis.

Fonte: Doutrina Católica - Manual de instrução religiosa para uso dos Ginásios, Colégios e Catequistas voluntários - Curso Superior - Terceira parte - Meios de Santificação - Liturgia - Livraria Francisco Alves - Editora Paulo de Azevedo Ltda - São Paulo; Rio de Janeiro; e Belo Horizonte - 1927

Comentários

POSTAGENS MAIS ANTIGAS