Catecismo Romano: "Desceu aos infernos, e ao terceiro dia ressurgiu dos mortos" (Parte V)

Neste ponto de exposição, já podemos ver, claramente, quantas vantagens a Ressurreição de Cristo trouxe aos fiéis. . Pela ressurreição, reconhecemos que há um Deus imortal, cheio de glória, vencedor da morte e do demônio. Eis uma verdade que, a respeito de Jesus Cristo, devemos crer e professar, sem a menor hesitação.

Depois, a ressurreição de Cristo acarretou também a ressurreição do nosso corpo, já por ser causa eficiente desse mistério, já que a exemplo de Nosso Senhor todos nós devemos ressurgir.

Ora acerca da ressurreição corporal, o Apóstolo fala da seguinte maneira: "Por um homem entrou a morte, por um homem entrou também a ressurreição"(1Cor 15,21).

Em tudo quanto o fez para o mistério de nossa redenção, Deus serviu-se da humanidade de Cristo como eficaz instrumento que devia efetuar nossa própria ressurreição.

Podemos afirmar que é modelo dela, porque a ressurreição de Cristo é a mais perfeita de todas. Assim como, pela ressurreição, o corpo de Cristo de transfigurou em glória imortal, assim também nossos corpos, que antes eram fracos e mortais, ressurgirão ornados de glória e imortalidade. O Apóstolo ensina: "Esperamos como Salvador a Nosso Senhor Jesus Cristo, que há de reformar o corpo de nossa baixeza, e torná-lo semelhante ao corpo de sua glória".

Outro tanto se pode asseverar da alma, morta em conseqüência do pecado. O mesmo Apóstolo demonstra em que sentido lhe serve de modelo a ressurreição de Cristo: "Assim como Cristo ressurgiu dentre os mortos pela glória do Pai, assim também devemos andar numa vida nova. Se formos enxertados nele pela esperança de sua morte, também o seremos pela semelhança com sua ressurreição" (Rom 6,4ss).

Pouco mais adiante acrescenta: "Sabemos que Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos, já não morre. A morte já não tem poder sobre ele. Morreu uma só vez, porquanto morreu pelo pecado. Mas vive, e vive para Deus. Sendo assim, levai em consideração que que vós também morreste para o pecado, mas que viveis para Deus em Cristo Jesus" (Rom 6,9-11).

Duplo são os modelos que devemos imitar da ressurreição de Cristo Jesus. O primeiro é que, após a purificação dos nossos pecados, temos de abraçar uma vida nova em que rebrilhe a pureza de costumes, a inocência, a santidade, a modéstia, a justiça, a beneficência e a humildade.

O segundo é perseverarmos de tal modo neste novo gênero de vida, que pela ajuda de Deus jamais nos afastaremos do caminho da justiça, em que entramos uma vez para sempre.

Ora, as palavras do Apóstolo não só indicam que a ressurreição de Cristo nos é proposta como modelo de ressurreição, mas significam também que nos dá a virtude de ressurgir, que nos incute a força e a mentalidade de perseverar na justiça e santidade, e de observar os mandamentos de Deus.

Em sua morte, temos não só um exemplo de como se morre ao pecado, mas conseguimos também a força de morrer efetivamente ao pecado. Sua ressurreição nos dá igualmente forças para adquirir a justiça; servindo então a Deus em piedade e santidade, andaremos naquela vida nova, para a qual ressurgimos. O principal que Nosso Senhor nos conseguiu pela sua ressurreição é poder ressurgir com eles para uma nova forma de orientação de vida, nós que antes estávamos mortos com ele, para o pecado e para o mundo.

O Apóstolo aponta-nos alguns sinais desta ressurreição, a que devemos atender de preferência.

Quando aconselha: "Se ressurgistes com Cristo, procurai o que está no alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus" (Col 3,1); - mostra claramente que de fato ressuscitaram com Cristo aqueles que, lá onde está Cristo, procuram vida, honra, repouso e riqueza.

Acrescentando: "Tende gosto pelas coisas do alto, e não pelas que estão na terra" (Col 3,2); - dá-nos ainda outro sinal, por assim dizer, que nos permite verificar se realmente ressurgimos com Cristo" (Jo 17,24).

Como o paladar indica em geral o estado de saúde, em que se acha o corpo, assim pode ser a prova mais evidente de que o homem ressuscitou, com Jesus Cristo, para uma vida nova e espiritual, se gosta de "tudo quanto é verdadeiro, honesto, justo e santo"( Fil 4,8), e sente no íntimo do coração a doçura das coisas celestiais (Mt 6,21).

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

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