Sexta-Feira da Cruz de Nosso Senhor

3. Chegando Judas ao horto juntamente com os soldados, dirigese para o mestre, abraça-o, beija-o. Jesus deixa-se beijar, mas, conhecendo seu pérfido desígnio, não pode deixar de se lhe queixar de
sua pérfida traição, dizendo-lhe: Judas, é com um ósculo que entregas o Filho do homem? (Lc 22,48). E logo os insolentes ministros, seus comparsas, atropelam Jesus, põem-lhe a mão e o prende como
a um malfeitor: Os ministros dos judeus prenderam a Jesus e o ligaram (Jo 18,12). Céus, que vejo? Um Deus preso: por quem? Pelos homens, por vermes criados por ele mesmo. Que dizeis isso , ó anjos do paraíso? Que têm convosco, pergunta S. Bernardo, as cadeias dos escravos e dos réus, convosco, que sois o Santo dos santos, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores? (De Pass. c. 4).
Mas se os homens vos prendem, por que vos não desligais e vos livrais dos tormentos e da morte que estes vos preparam? Eu o compreendo, não são tanto essas cordas que vos ligam, é o amor que
vos prende e vos obriga a padecer e morrer por nós. “Ó caridade, quão fortes são os teus vínculos que prendem o próprio Deus, diz S. Lourenço Justiniano (Lg. vit. c. 6). Ó amor divino, só vós pudestes
prender um Deus e conduzi-lo à morte por amor dos homens. 4. Contempla, ó homem, como esses cães arrastam sua vítima, diz S. Boaventura, e como ele os segue sem resistência como um
mansíssimo cordeiro. Um o agarra, outro o liga; um o empurra e o outro o fere (Med. vit. Chr. c. 75). Preso, é nosso doce Salvador conduzido primeiramente à casa de Anás, depois à de Caifás, onde Jesus,
sendo interrogado por esse malvado a respeito de seus discípulos e de sua doutrina, responde que não havia falado em segredo mas publicamente e que os mesmos que ali estavam presentes sabiam
perfeitamente o que havia ensinado (Jo 18,20). A tal resposta um daqueles ministros, tratando-o de temerário, deu-lhe uma forte bofetada. Aqui exclama S. Jerônimo: Ó anjos do céu, como podeis guardar silêncio? será que tão grande paciência vos tornou mudos?

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I

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