Catecismo Romano: "Creio no Espírito Santo" (Parte III)
Esta justa posição das três pessoas, pela qual se demonstra
a divindade do Espírito Santo, podemos averiguá-la, quer na Epístola de São
João: "Três são os que no céu dão testemunho: o Pai, o Filho e o Espírito
Santo, e estes três são um só"(1Jo 5,7); - quer naquela gloriosa aclamação
da Trindade Santíssima, que remata o ofício divino e os Salmos: "Glória ao
Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo".
Afinal, uma grande confirmação desta verdade é aplicarem as
Escrituras ao Espírito Santo todos os atributos que a fé nos ensina como
próprios de Deus.
Reconhece-lhe pois a honra dos templos, quando por exemplo o
Apóstolo declara: "Ignorais talvez, que vossos membros são templo do
Espírito Santo?"(1Cor 6,19).
Atribuem-lhe da mesma forma as operações de
"santificar" (2Tiag 2,12; 1Pedr 1,2), de "vivificar" (jo
6,64), de "penetrar os arcanos de Deus"(1Cor 2,10), de "falar
pela boca dos profetas"(2 Pedr 1,21), de "estar em toda parte"(Sal
138,7; Sab 1,7). Tudo isto só pode enunciar-se com relação a Majestade Divina.
Com a devida atenção, é ainda preciso que se faça entender
os fiéis que o Espírito Santo é Deus, mas que devemos confessá-lo como Terceira
Pessoa, dentro da natureza divina, distinta do Pai e do Filho, e produzida pela
vontade.
Sem alegar outros argumentos da Escritura, a fórmula de
batismo, ensinada por Nosso Salvador, mostra com evidência que o Espírito Santo
é a terceira pessoa, que subsiste por si mesma na natureza divina, distinta das
outras.
Assim o declara também o Apóstolo na saudação: "A graça
de Nosso Senhor Jesus Cristo, e a caridade de Deus, e a comunhão do Espírito
Santo, seja com todos vós. Amém!"(2Cor 13,13).
Prova de maior evidência ainda é o acréscimo, que a este
artigo fizeram aos Padres do primeiro Concílio de Constantinopla (convocado em
381), para rebaterem o ímpio desatino de Macedônio: "E [creio] no Espírito
Santo, Senhor e vivificador; o qual procede do Pai e do Filho; o qual com o Pai
e o Filho é adorado e glorificado; ele que falou pelos profetas".
Ora, confessando que o Espírito Santo é Senhor, declaram-no
infinitamente superior aos anjos, não obstantes este serem criados por Deus
como espírito nobilíssimos. No sentir de São Paulo, são todos eles
"espíritos servidores, enviados a servir, por causa daqueles que conseguem
a herança da salvação"(Hebr 1,14).
Chamam-lhe, porém, "Vivificador", porque a alma
tira da união com Deus uma vida mais intensa, do que o sustento e a
conservação, que o corpo aufere da união com a alma. Como a sagrada Escritura
atribui ao Espírito Santo esta união da alma com Deus (Rom 8,9ss), é claro que
de pleno direito seja chamado "Vivificador".
Seguem-se as palavras: "O qual procede do Pai e do
Filho". Cumpre pois a ensinar aos fiéis que o Espírito Santo procede do
Pai e do Filho como de uma origem única, numa eterna processão. Assim no-la
propõe a crer o cânon de fé da Igreja, do qual não pode o cristão apartar-se; e
assim o confirma a autoridade da Sagrada Escritura e dos Concílios.
(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)
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