Catecismo Romano: "Creio na Santa Igreja Católica" (Parte II)

Depois pelo uso comum da sagrada Escritura, passou o termo a designar unicamente a comunidade cristã , as reuniões dos fiéis, isto é, aqueles que pela fé convocados, a luz da verdade e do conhecimento de Deus,  que renunciaram as trevas da ignorância e do erro, para adotarem pia e santamente o Deus vivo e verdadeiro, e serví-lo de todo o coração. Resumindo tudo numa só palavra: "a Igreja como nos diz Santo Agostinho, é o povo fiel disseminado pelo mundo inteiro".

Não são de pouca importância os mistérios encerrados nesta palavra. Já na Idéia de convocação como significado de Igreja, fulgura a bondade e o resplendor da graça divina, e nisso reconhecemos que a Igreja difere, radicalmente de outras instituições de direito público.
Estas se baseiam na razão e na prudência humana; esta, porém, foi organizada pela sabedoria e providência divina. Deus nos "convocou" interiormente, pela inspiração do Espírito Santo; exteriormente por obra e empenho dos pastores e pregadores.

Para nós além disso, o fim desta "convocação" não pode ser outro senão o conhecimento e a posse das coisas eternas. Deste fato ficará plenamente convencido quem atender ao motivo por que o povo fiel, sujeito a lei de Moisés, tinha outrora o nome de "sinagoga" isto é, aglomeração. No sentir de Santo Agostinho, foi lhe dado este nome, porque só se concentrava nos bens terrenos e passageiros, à manjeira dos animais, cujo instinto é viver em rebanho. Com muito acerto, o povo cristão não se chama sinagoga, mas "igreja", porque despreza as coisas terrenas e passageiras, e só procura as celestiais e eternas.

Há muitos nomes ainda, cheios de mistérios, que servem para designar a instituição cristã. O Apóstolo chama-lhe de casa e edifício de Deus. "(I Tim 3,15) Se eu tardar, escreve a Timóteo, saberás como deves proceder na casa de Deus, pois é a Igreja de Deus vivo, coluna e firmeza da verdade". A Igreja chama-se "casa", porque constitui por assim dizer uma única família governada por um único só Pai de família, e na qual existe a comunhão de todos os bens espirituais.

Chama-se, outrossim, "rebanho das ovelhas de Cristo", (Jo 10,1 ss) das quais ele é "a porta e o pastor". Dar-se-lhe também o nome de Esposa de Cristo: "Prometi apresentar-vos, como Virgem pura, ao único esposo de Jesus Cristo". Assim escreve o apóstolo aos coríntios. O mesmo disse aos éfesos: "Maridos amai vossas esposas, como Cristo amou a Igreja". A respeito do Matrimônio declarou: "Este mistério é grande, mas eu o digo com relação a Cristo e a sua Igreja".

Afinal a Igreja é chamada "Corpo de Cristo", como se pode averiguar na epístola aos efésios (Ef 1,23) e aos colossenses (Col 1, 18-24).
Todas estas designações são muito eficazes, para encorajar nos fiéis o desejo de se mostrarem dignos da infinita clemência e bondade divina, que os escolheu para serem o povo de Deus.

Concluídas estas explicações, será necessário enumerá as partes componentes da Igreja, e mostrar suas diferenças, para que o povo veja melhor a natureza, as propriedades, os dons, e as graças desta Igreja tão amada de Deus, e por tal razão não deixe de louvar a Majestade Divina.


(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

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