Catecismo Romano: "Creio na Santa Igreja Católica" (Parte III)
A morte do justo e do mau (catecismo ilustrado) |
Nossa Senhora é sempre auxílio contra o diabo |
Nem por isso se deve crer que haja duas Igrejas. Como dizíamos
antes, são duas partes da mesma Igreja. Uma Leva a dianteira, e já está em
posse da Pátria Celestial, e uma vai avançando, dia por dia, até que por fim se
una a Nosso Salvador, pra repousar na eterna bem-aventurança.
Há porém, na Igreja militante duas categorias de membros:
bons e maus. Certo é que os maus participam, com os bons dos mesmos
sacramentos, professam a mesma fé, mas não lhe são semelhantes na vida e nos
costumes.
Os bons na Igreja são aqueles que estão unidos e ligados
entre si, não só pela profissão de fé e pela participação dos sacramentos, mas
também pelo espírito da graça o elo da caridade. Deles se declarou: "Sabe
Senhor quem são os seus" (2 Tim 2,19). Os homens podem conjeturar, mas
nunca saber com certeza quais são os que pertencem aos números dos justos.
Por isso, não se deve julgar que Cristo Nosso Salvador se
referia a esta parte da Igreja, quando nos remeteu a Igreja, o ordenou que lhe devemos
obediência. Pois, não sendo conhecida esta parte, quem poderia saber com
certeza a que instância apelar, e a que autoridade obedecer?
Por conseguinte, a Igreja abrange homens bons e maus,
conforme o atestam as Sagradas Escrituras e as obras de santo varões. Nesse
sentido, escreve o Apóstolo Paulo: "um só corpo e um só espírito"
(Efé 4,4).
Esta Igreja é patente, e compara-se a uma cidade situada na
montanha, e que pode ser vista de todos os lados, É preciso que seja reconhecível,
porque todos lhe devem obedecer (Mt 18,17).
Comporta não só os bons, senão também os maus. Assim demonstra
o Evangelho por muitas parábolas, quando diz por exemplo que o reino dos Céus,
isto é, a Igreja militante, se compra a "uma rede lançada ao mar"(Mt
13,47); a um campo semeado em que se espalhou o joio (Mt 13,24); a uma
"eira, n qual o trigo se mistura com a palha" (Mt 3,12 e Lc 3,17); as
"dez virgens, umas loucas e outras prudentes" (Mt 25,1).
A Igreja militante sempre na luta contra as tentações do demônio, da carne e do mundo. |
A fé Católica sempre ensinou expressamente que a Igreja
pertence a bons e maus. Não obstante devemos explicar aos fiéis cristãos, em
virtude das mesmas normas de fé, que entre as ambas as partes há grande
diferença de condição. Os maus assistem na Igreja, à semelhança da palha que se
mistura com o trigo ou com os membros quase mortos que ás vezes continuam
ligados ao corpo.
Daqui se infere que somente três classes de homens são
excluídos da comunhão com Igreja: Em primeiro lugar os infiéis; em segundo, os
hereges e cismáticos; por último os excomungados.
Os pagãos, realmente, porque nunca estiveram no seio da
Igreja: não a reconhecem, nem se tornaram participantes de nenhum Sacramento,
na comunidade do povo cristão.
Os hereges e cismáticos, porque apostataram da Igreja. Pertencem
tão pouco a Igreja, como os desertores fazem parte do exército, que
abandonaram. É certo, todavia, que continuam sob a jurisdição da igreja, que os
pode julgar, punir e excomungar.
Os anjos maus ou demônios sempre tentando as almas para serem arrastadas para a destruição eterna |
Afinal, os excomungados, que são excluídos judicialmente da
Igreja, e já não pertencem a sua comunidade, enquanto não se reconsiderarem.
Quantos aos demais, não há dúvidas que continuam ainda no
grêmio da Igreja, apesar de maus e perversos, Que sejam os fiéis assiduamente
orientados neste ponto. Firme-se na convicção de que os prelados eclesiásticos
que levam uma vida escandalosa fazem todavia, parte da Igreja, e nem por isso
perdem algo de suas atribuições.
(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)
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