Catecismo Romano: "Creio na Santa Igreja Católica" (Parte III)


A morte do justo e do mau (catecismo ilustrado)



1. A Igreja Triunfante: Na Igreja, há duas partes principais. Uma se chama Triunfante, e outra militante. A Igreja Triunfante é a mais luzida e ditosa comunhão dos espíritos bem-aventurados, e daqueles que, triunfantes do mundo, da carne e das grandes malícias do demônio, livres e salvos das grandes provações desta vida, já estão no gozo da eterna felicidade.

2. A Igreja Militante: A Igreja militante é o conjunto de todos os fiéis que ainda vivem na terra. Chama-se militante porque vive uma guerra sem tréguas aos mais assanhados inimigos: O mundo, carne e o demônio.

Nossa Senhora é sempre auxílio contra o diabo
Nem por isso se deve crer que haja duas Igrejas. Como dizíamos antes, são duas partes da mesma Igreja. Uma Leva a dianteira, e já está em posse da Pátria Celestial, e uma vai avançando, dia por dia, até que por fim se una a Nosso Salvador, pra repousar na eterna bem-aventurança.

Há porém, na Igreja militante duas categorias de membros: bons e maus. Certo é que os maus participam, com os bons dos mesmos sacramentos, professam a mesma fé, mas não lhe são semelhantes na vida e nos costumes.

Os bons na Igreja são aqueles que estão unidos e ligados entre si, não só pela profissão de fé e pela participação dos sacramentos, mas também pelo espírito da graça o elo da caridade. Deles se declarou: "Sabe Senhor quem são os seus" (2 Tim 2,19). Os homens podem conjeturar, mas nunca saber com certeza quais são os que pertencem aos números dos justos.

Por isso, não se deve julgar que Cristo Nosso Salvador se referia a esta parte da Igreja, quando nos remeteu a Igreja, o ordenou que lhe devemos obediência. Pois, não sendo conhecida esta parte, quem poderia saber com certeza a que instância apelar, e a que autoridade obedecer?

Por conseguinte, a Igreja abrange homens bons e maus, conforme o atestam as Sagradas Escrituras e as obras de santo varões. Nesse sentido, escreve o Apóstolo Paulo: "um só corpo e um só espírito" (Efé 4,4).

Esta Igreja é patente, e compara-se a uma cidade situada na montanha, e que pode ser vista de todos os lados, É preciso que seja reconhecível, porque todos lhe devem obedecer (Mt 18,17).

Comporta não só os bons, senão também os maus. Assim demonstra o Evangelho por muitas parábolas, quando diz por exemplo que o reino dos Céus, isto é, a Igreja militante, se compra a "uma rede lançada ao mar"(Mt 13,47); a um campo semeado em que se espalhou o joio (Mt 13,24); a uma "eira, n qual o trigo se mistura com a palha" (Mt 3,12 e Lc 3,17); as "dez virgens, umas loucas e outras prudentes" (Mt 25,1).

A Igreja militante sempre na luta contra as tentações do demônio,
da carne e do mundo.
A fé Católica sempre ensinou expressamente que a Igreja pertence a bons e maus. Não obstante devemos explicar aos fiéis cristãos, em virtude das mesmas normas de fé, que entre as ambas as partes há grande diferença de condição. Os maus assistem na Igreja, à semelhança da palha que se mistura com o trigo ou com os membros quase mortos que ás vezes continuam ligados ao corpo.

Daqui se infere que somente três classes de homens são excluídos da comunhão com Igreja: Em primeiro lugar os infiéis; em segundo, os hereges e cismáticos; por último os excomungados.

Os pagãos, realmente, porque nunca estiveram no seio da Igreja: não a reconhecem, nem se tornaram participantes de nenhum Sacramento, na comunidade do povo cristão.

Os hereges e cismáticos, porque apostataram da Igreja. Pertencem tão pouco a Igreja, como os desertores fazem parte do exército, que abandonaram. É certo, todavia, que continuam sob a jurisdição da igreja, que os pode julgar, punir e excomungar.

Os anjos maus ou demônios sempre tentando as almas para
serem arrastadas para a destruição eterna
Afinal, os excomungados, que são excluídos judicialmente da Igreja, e já não pertencem a sua comunidade, enquanto não se reconsiderarem.

Quantos aos demais, não há dúvidas que continuam ainda no grêmio da Igreja, apesar de maus e perversos, Que sejam os fiéis assiduamente orientados neste ponto. Firme-se na convicção de que os prelados eclesiásticos que levam uma vida escandalosa fazem todavia, parte da Igreja, e nem por isso perdem algo de suas atribuições.

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

Comentários

POSTAGENS MAIS ANTIGAS