Catecismo Romano:"Creio na Santa Igreja Católica"(Parte I)


Duas considerações de importância nos fazem logo compreender, com quanta atenção devem os pastores explicar aos fiéis as verdades deste nono artigo.

A primeira é que, na opinião de Santo Agostinho, os profetas insistiam mais em falar da Igreja que de Cristo. Previam que muito maior podia ser o número de pessoas a errarem e a iludirem-se neste ponto, do que a respeito do mistério da Encarnação.

Realmente, à guisa do mono que se figura homem, não deixaria de haver ímpios com a pretensão de que somente eles é que são católicos, e a maldosa e soberba afirmação de só neles existe a Igreja Católica.

A segunda consideração é que facilmente escapa ao tremendo perigo de heresia quem assimila esta verdade, com plena convicção. Com efeito, a pessoa não se torna herege só por pecar contra a fé, mas antes por menosprezar a autoridade da Igreja, e defender obstinadamente suas ímpias afirmações.

Por conseguinte, não é possível que algum se contamine com a peste da heresia, enquanto aceita o que este artigo propõe a crer. Os pastores devem, pois, empenhar-se por que os fiéis conheçam este mistério, e possam assim preservar na verdade da fé, e defender-se contra as astúcias do inimigo.

Entre este artigo e o anterior existe uma correlação. Já foi demonstrado que o Espírito Santo é fonte e causa de toda a santidade. Agora, confessamos que do mesmo Espírito se deriva a Santidade de que a Igreja foi dotada.

É preciso pois dar a significação do termo "Igreja". Os latinos tomaram-na dos gregos. Depois da divulgação do Evangelho é que entrou o vocabulário religioso.

Igreja quer dizer "convocação". Mais tarde, porém os escritores pregavam o termo no sentido de e "assembléia" e "comício". Não se vem ao caso se o povo adorava o Deus verdadeiro, ou se abraçava uma falsa religião. Com referência ao povo de Éfeso, está escrito nos atos dos Apóstolos que, depois de apaziguar as turbas, os escribas lhes dissera: "Se tendes mais algum agravo, poderá isto ser resolvido em legítima assembléia do povo"(Atos 19,39). Chama, pois, de "assembléia legítima" ao povo de Éfeso, que se consagrava ao culto de Diana.

Dava-se, às vezes, o nome de assembléia, não só as nações que não conheciam a Deus, mas até aos ajuntamentos de homens maus e ímpios. "Detesto a assembléia dos maus, diz o profeta, e com ímpios não privareis" (Salm 25,5).

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

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