Domingo da Sexagésima: "A semente é a palavra de Deus" (Ev.)
O breviário Romano fala-nos de Noé durante
toda esta semana. "Vendo Deus que era grande a malícia do homem sobre a
Terra, disse: Vou exterminar o homem que criei. Faze pois, uma arca de madeira
e entra nela, que estabelecerei contigo a minha aliança. E Deus fez chover
então sobre a terra quarenta dias e quarenta noites. A arca flutuava à
superfície das águas que se elevaram acima das grandes montanhas. Os homens
pereceram e Noé salvou-se com os seus na arca... Passou algum tempo e Noé
soltou uma pomba, que regressou com um ramo de oliveira. Noé compreendeu que as
águas tinham baixado. E então disse-lhe Deus: Sai da arca e multiplicai-vos
sobre a Terra. E Noé elevou um altar e elevou a Deus um sacrifício de agradável
odor".
Esta narração referida ao mistério Pascal, é comentada por
uma bela oração de Sábado Santo. Ei-la: "A justa cólera do Criador
submergiu o mundo culpado nas águas da vingança, e só Noé se salvou na arca.
Depois a virtude admirável do amor lavou o universo no sangue". Foi no
madeiro da arca que salvou o gênero humano e foi no madeiro da Cruz que
resgatou o mundo. "Só tu foste digna, diz a Igreja ao falar da Cruz, de
seres para o mundo naufragado a arca que o leva ao porto". A porta aberta
no costado da arca e por onde entraram os que se haviam de salvar do dilúvio
é-nos representada na liturgia como figura do mistério da redenção; porque do
lado de Jesus saiu sangue e água, simbolizando os sacramentos do Batismo e da
Eucaristia.
"Ó Deus que, lavando nas águas os crimes do mundo
corrompido, nos deste no mesmo d
ilúvio a
imagem da regeneração, para que um mesmo elemento fosse o fim dos vícios e a
imagem das virtudes, olhai com bondade a vossa Igreja e multiplicai nela a
vossa intervenção regeneradora, abrindo por toda a terra as fontes batismais
que devem renovar os povos". No tempo de Noé, diz São Pedro, salvaram-se
do dilúvio somente oito pessoas e isto é símbolo do batismo que nos salva a todos.
E quando o bispo benze na quinta-feira santa o azeite de oliveira que há de
servir para os sacramentos, diz: "Quando os crimes do mundo já tinham sido
expiados nas águas do dilúvio, veio uma pomba anunciar a paz na Terra com um
ramo de oliveira no bico, que era o símbolo das graças que nos reservava o
futuro. Este símbolo realiza-se, quando a unção do azeite, depois que a água do
Batismo nos lavou, nos vem dar ao rosto paz e beleza". Mas no que Noé
assemelha mais com Jesus Cristo é na missão que Deus lhe confiou na missão de
ser pai de numerosos povos. Noé é, com efeito, o segundo progenitor do gênero
humano e o símbolo da vida renascida. "O ramo da oliveira simboliza a
feliz fecundidade que Deus concederia a Noé depois de sair da arca, e a arca é
denominada no ofício de hoje por Santo Ambrósio "seminarium",
quer dizer, lugar onde se guarda a semente da vida que deve recobrir o mundo.
Ora, bem melhor que Noé, Jesus repovoou o mundo com a prodigiosa descendência
das almas crentes e fiéis a Deus. É por isso que a oração da profecia do Sábado
Santo pede ao Senhor que realize seus desígnios eternos e complete na paz a
obra da redenção do homem: "...possa sentir e ver no mundo a reparação do
que estava caído e a renovação do que envelhecera e todas as coisas restabelecidas
na integridade primeira por aquele que deu a todos o ser".
No princípio foi pelo Verbo, quer dizer, pela palavra que
Deus fez o mundo. E foi pela pregação do Evangelho, que Jesus, o Verbo de Deus,
veio regenerar os homens. Fomos regenerados, diz São Pedro, por uma semente
incorruptível, que é a palavra de Deus, que nos foi anunciada pelo Evangelho. A
esta luz, já vemos todo o relevo da palavra do semeador, que vem na missa de
hoje.
Se no tempo de Noé os homens pereceram, diz São Paulo, foi
por serem incrédulos. Noé que acreditou salvou-se na arca. Do mesmo modo, os
que acreditarem a palavra do Senhor serão salvos. E São Paulo enumera na
Epístola de hoje tudo o que é necessário para levar aos povos a fé no nome de
Deus. Ele foi, com efeito, o pregador por excelência, o ministro de Cristo que
Deus escolheu para levar aos povos os clarões da boa nova do Verbo Encarnado.
Evangelho de Domingo
Continuação
do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas:
Naquele tempo:
Havia se reunido uma grande multidão: eram pessoas vindas de várias cidades para junto dele. Ele lhes disse esta parábola:
Saiu o semeador a semear a sua semente. E ao semear, parte da semente caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram.
Outra caiu no pedregulho; e, tendo nascido, secou, por falta de umidade.
Outra caiu entre os espinhos; cresceram com ela os espinhos, e sufocaram-na.
Outra, porém, caiu em terra boa; tendo crescido, produziu fruto cem por um. Dito isto, Jesus acrescentou alteando a voz: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
Os seus discípulos perguntaram-lhe a significação desta parábola.
Ele respondeu: A vós é concedido conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros se lhes fala por parábolas; de forma que vendo não vejam, e ouvindo não entendam.
Eis o que significa esta parábola: a semente é a palavra de Deus.
Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem; mas depois vem o demônio e lhes tira a palavra do coração, para que não creiam nem se salvem.
Aqueles que a recebem em solo pedregoso são os ouvintes da palavra de Deus que a acolhem com alegria; mas não têm raiz, porque crêem até certo tempo, e na hora da provação a abandonam.
A que caiu entre os espinhos, estes são os que ouvem a palavra, mas prosseguindo o caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas e prazeres da vida, e assim os seus frutos não amadurecem.
A que caiu na terra boa são os que ouvem a palavra com coração reto e bom, retêm-na e dão fruto pela perseverança.
Havia se reunido uma grande multidão: eram pessoas vindas de várias cidades para junto dele. Ele lhes disse esta parábola:
Saiu o semeador a semear a sua semente. E ao semear, parte da semente caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram.
Outra caiu no pedregulho; e, tendo nascido, secou, por falta de umidade.
Outra caiu entre os espinhos; cresceram com ela os espinhos, e sufocaram-na.
Outra, porém, caiu em terra boa; tendo crescido, produziu fruto cem por um. Dito isto, Jesus acrescentou alteando a voz: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
Os seus discípulos perguntaram-lhe a significação desta parábola.
Ele respondeu: A vós é concedido conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros se lhes fala por parábolas; de forma que vendo não vejam, e ouvindo não entendam.
Eis o que significa esta parábola: a semente é a palavra de Deus.
Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem; mas depois vem o demônio e lhes tira a palavra do coração, para que não creiam nem se salvem.
Aqueles que a recebem em solo pedregoso são os ouvintes da palavra de Deus que a acolhem com alegria; mas não têm raiz, porque crêem até certo tempo, e na hora da provação a abandonam.
A que caiu entre os espinhos, estes são os que ouvem a palavra, mas prosseguindo o caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas e prazeres da vida, e assim os seus frutos não amadurecem.
A que caiu na terra boa são os que ouvem a palavra com coração reto e bom, retêm-na e dão fruto pela perseverança.
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