Nossa Senhora do Sábado: Dogma da Virgindade Perpétua de Maria

Virgindade Perpétua de Maria

44 - Maria tornou-se Mãe como as outras mulheres ?

Por um singular privilégio de Deus, Maria foi mãe conservando sua virgindade antes do parto, durante o parto e depois do parto; durante toda a sua vida conservou intacta sua pureza original e virginal.
45 - A Virgindade perpétua de Maria é um dogma de fé ?
Sim, é uma verdade de fé católica definida pela Igreja em seus concílios, especialmente o de Latrão (649) e o III de Constantinopla (680) que definiram a "ilibada virgindade de Maria, antes do parto, durante o parto e depois do parto".

46 - Em que se baseou a Igreja para essa definição dogmática ?
Como sempre, a Igreja foi haurir essa verdade na Bíblia e na Tradição. Os textos da Bíblia são claros:
"Eis que a Virgem conceberá e dará à luz e o nome deste será Emanuel" (Isaías 7, 14). Pelo contexto se vê que Isaías designa esse acontecimento como um grande sinal de Deus, como um grande prodígio. Ora não há prodígio algum quando uma mulher tem filho deixando de ser virgem. O sentido desse oráculo de Isaías é confirmado por S. Mateus que, depois de relatar a anunciação do anjo a Maria, acrescenta: "E tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito por Deus ao profeta: Eis que uma virgem..." (Mat. 1,22).
47 - Poderia especificar melhor os textos que se referem à Virgindade perpétua de Maria ?

a) Antes do parto: (além do texto de Isaías já citado) "O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma Virgem (...) e o nome da Virgem era Maria ... Maria disse ao anjo: Como se fará isso, pois eu não conheço varão? Respondendo o anjo disse-lhe: O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra" (Lc. 1, 26 e 34- 35).
E virgem permaneceu, quando concebeu em seu seio o Filho de Deus; pois essa conceição foi "por obra do Espírito Santo" (Mat. 1, 18), sem conhecer varão.
b) Durante o parto: Com uma descrição delicadíssima, São Lucas nos persuade de que Maria conservou sua virgindade no ato mesmo de tornar-se Mãe do Salvador: "Chegou para ela o tempo do parto e deu à luz seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e o pôs numa manjedoura" (2, 6). Maria, nesse relato, não aparece como sujeita às dores e fraquezas que são o preço natural da maternidade. É Ela mesma quem presta os primeiros cuidados a Jesus recém-nascido. São Lucas não poderia ter falado assim, se Ela tivesse dado à luz de maneira comum.
c) Depois do parto: é o que se conclui do mesmo texto de São Lucas já citado. Pelas palavras de Maria ao anjo vê-se claramente seu propósito de virgindade. Estando já desposada com José, Ela diz: "Como se fará isso, pois eu não conheço varão?" Em outras palavras: "Como me tornarei mãe, tendo o propósito de não conhecer varão?"
Como seria possível que, depois do parto milagroso, Ela deixasse esse propósito, esse voto de virgindade? Tamanha ingratidão para com Aquele que milagrosamente lhe conservara a virgindade antes e durante o parto e inconcebível na Mãe de Deus.
Além disso, era de suma conveniência que o Filho Unigênito do Pai eterno fosse também, segundo a carne, o Unigênito da Mãe.

48 - Mas a Bíblia fala que Jesus teve irmãos. Logo, Maria teve outros filhos.
A Bíblia se refere a quatro pessoas como "irmãos de Jesus". Mas, isso não permite concluir que sejam irmãos carnais de Jesus.
De fato, três desses "irmãos de Jesus" têm seus pais nomeados na Bíblia:
1) Tiago: é Tiago, o Apóstolo (Gal. 1, 19); o Menor (Mc. 15, 40), cujo pai é Alfeu (Mat. 10,3).
2) José: é irmão carnal de Tiago, pois ambos são filhos de uma das três Marias que estiveram ao pé da Cruz (Mat. 27, 56) e cujo pai é também Alfeu.
3) Judas, o Tadeu: é também irmão de Tiago (Jud. 1,1), cujo pai é Alfeu. São Lucas o chama de Judas de Tiago (6, 16).
O quarto dos "irmãos de Jesus" é Simão, cujos pais não estão na Bíblia. Mas o antigo historiador Hegezipo (séc. II) informa que ele é filho de Cléofas, esposo de Maria, "irmã da Mãe de Jesus" (Jo. 19, 25). É, pois, primo de Jesus.
E, se Cléofas e Alfeu são nomes em hebraico e aramaico da mesma pessoa, como pensam muitos entendidos, os quatro são entre si irmãos carnais; e, em qualquer hipótese, primos ou parentes de Jesus.
Além disso, a Bíblia nunca os chama "filhos de Maria", ao passo que só a Jesus chama "o filho de Maria" com artigo (no original - Mc 6, 3).

De fato, é muito comum na Bíblia parentes próximos serem chamados de irmãos. Gen. 13, 8 comparado com Gen. 12, 5 e 11, 28 - 31; Gen. 29, 13 e 15; Lev. 10, 4; Cron. 23, 22, etc. Note-se que algumas edições mais recentes da Bíblia já trazem parentes em vez de "irmãos", nesses casos.

49 - S. Lucas (2, 7) diz que Jesus foi o primogênito. Logo Maria teve outros filhos?

"Primogênito" é termo jurídico da Bíblia que tem significação bem determinada: é o primeiro filho, quer venham outro/outros, quer não. De fato, a Bíblia afirma que todo primogênito pertence de modo especial ao Senhor (Ex. 34, 19; 13, 12). E ele devia cumprir, logo no primeiro mês, a lei do resgate (Num. 18,16). Não se esperava pelo segundo filho para que o primeiro fosse tido e tratado como primogênito a vida toda.
Confirma isso o túmulo recém-descoberto de uma judia do I século com a inscrição: "Aqui jaz Arsinoé, morta ao dar à luz o seu primogênito".
Portanto, Jesus é, ao mesmo tempo, o primogênito e o unigênito de Maria.

50 - S. Mateus (1, 25) diz: "José não a conheceu até que ela deu à luz"- Isso não quer dizer que depois de dar à luz, José a teria conhecido?
A expressão "até que" e um hebraísmo da Bíblia que significa "sem que" invertendo-se os termos da frase. Significa, então, que Maria "deu à luz sem que José a tivesse conhecido".
São incontáveis os exemplos disso na Bíblia. Eis apenas um: "O coração do justo está firme e não temerá até que veja confundidos seus inimigos" (SI. 111, 8). Ora, se não temeu antes, não temerá depois. O sentido da frase é: "os inimigos serão confundidos sem que o coração do justo tema".
Assim, São Mateus quis apenas afirmar que "Maria concebeu sem que José a tivesse conhecido".
Outros exemplos, veja: Deut. 7, 24; Sab. 10, 14; SI. 56, 2; Is. 22, 14; Mat. 5, 18.

Fonte: Catecismo de Nossa Senhora (Publicções Ontem, Hoje e Sempre - Campos RJ) - 1997

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