Sexta-Feira da Cruz de Nosso Senhor: Da coroação de espinhos

 Ó amor divino, exclama Salviano, não sei como apelar-te, se doce, se cruel, pois pareceis ser ao mesmo tempo doce e cruel (Ep. 1). Ah, meu Jesus, o amor vos fez a mesma doçura para conosco, levando-vos
avos mostrar tão apaixonado para com nossas almas, e ele vos tornou cruel para convosco, obrigando-vos a sofrer tormentos tão atrozes. Quisestes ser coroado de espinhos, para obter-nos uma coroa de glória no céu (Dion. Cart. In Jo 17). Meu dulcíssimo Salvador, espero ser vossa coroa no paraíso, salvando-me pelos merecimentos de vossas dores; “aí louvarei sempre o vosso amor e as vossas misericórdias:
cantarei as misericórdias do Senhor eternamente, sim, eternamente”. 3. Ah, espinhos cruéis, ingratas criaturas, por que atormentais de tal maneira o vosso Criador? Mas que adiante acusar os espinhos?
diz S. Agostinho. Eles foram instrumentos inocentes: nossos pecados, nossos maus pensamentos foram os espinhos cruéis que atravessaram a cabeça de Jesus Cristo. Aparecendo um dia Jesus a S.Teresa, coroado de espinhos, a santa pôs-se a pranteá-lo. Disse-lhe, porém, o Senhor: Teresa, não te deves compadecer das feridas que me fizeram os espinhos dos judeus, apiada-te antes das chagas que me fazem os pecados dos cristãos. Ó minha alma, tu também atormentaste a venerável cabeça de teu Redentor com teus maus pensamentos. Sabe e vê que má e amarga coisa é o haveres deixado o Senhor teu Deus (Jr 2,19). Abre
agora os olhos e vê e chora amargamente tua vida inteira os males que fizeste, voltando as costas com tanta ingratidão ao teu Senhor e Deus. Ah, meu Jesus, não mereceis ser tratado por mim como eu vos
tratei: Eu fiz mal, eu me enganei; desagrada-me de todo o coração, perdoai-me e dai-me uma dor que me faça chorar toda a minha vida os erros que eu cometi. Meu Jesus, meu Jesus, perdoai-me, que eu
quero amar-vos sempre.

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I

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