Catecismo Romano: "Creio na Santa Igreja Católica" (Parte IV)

Corolário: Jesus Cristo e os chefes visíveis: Se alguém objetar que a Igreja se contenta em ter Jesus Cristo como único  chefe e esposo, sem pretender nenhum outro, a resposta não oferece dificuldade.
Assim como Cristo Nosso Senhor não é só autor, mas até ministro interior de todos os sacramentos, pois é Ele quem batiza e absolve, apesar de destinado homens pra ministros externos dos Sacramentos; - assim também colocou um homem, como ministro e detentor de seu poder, à testa da Igreja, que ele mesmo dirige com assistência interna do Espírito Santo.
A Igreja visível precisa de um chefe visível, por isso nosso Salvador estabeleceu Pedro como chefe e pastor de todo o rebanho dos fiéis, quando em termos solenes o incumbia de apascentar suas ovelhas (Jo 21, 15ss), e, por sinal, quis que os sucessores de Pedro tivessem, incontestavelmente, os mesmo poderes para reger e governar toda a Igreja.

Pela ação do Espírito Santo: Além destas razões, é "um só e o mesmo Espírito" que, no dizer do Apóstolo aos Coríntios (ICor 12,11), confere a graça aos fiéis, assim como a alma dá vida aos membros do corpo. Quando exortou os Efésios a conservarem esta unidade, dizia lhes: "Sede solícitos em guardar a unidade do espírito, pelo vínculo da paz, porque sois um só corpo e um só espírito" (Efe 4,5.).
Assim como o corpo humano consta de muitos  membros, e uma só alma os sustenta, dando vista aos olhos, audição aos ouvidos, e aos demais sentidos as faculdades que lhe são próprias: assim também o corpo místico de Cristo que é a Igreja se compõe de muitos fiéis.

Pela identidade de vocação, esperança e batismo: No mesmo lugar, atesta o mesmo Apóstolo que "uma só é também a esperança a que fomos chamados" (Efe 4,4), porquanto todos nós guardamos o mesmo objetivo, que é a vida eterna e bem-aventurada.
Afinal, uma só é a fé (Efe 4,5) que todos devemos seguir e professar. "Não haja divisões entre vós" (1Cor 1,10), adverte o Apóstolo. E não há senão um só batismo (Efe 4,5), que é o Sacramento da fé cristã.

Santidade: Porque a Igreja é consagrada a Deus: Santidade é o segundo caráter da Igreja, conforme nos ensina o Príncipe dos Apóstolos na seguinte passagem: "Vós sois agora uma raça eleita, um povo santo" (I Ped 2,9).
Ora, dizemos que é santa, por ser consagrada e dedicada a Deus (Levtit 27,28-30). Há, pois, o costume de chamar santas as coisas , embora materiais, uma vez que destinadas e consagradas ao culto divino, como o eram na antiga lei os vasos (Num 31,6), as vestiduras (Exod 28,2), os altares (Exod 29,37) Os primogênitos (Exod 34,19) consagrados ao altíssimo tinham também o nome de santos (Isto é santificados).

Corolário: Os Pecadores na Igreja: No entanto, não é de se estranhar que chamem a Igreja de Santa, apesar de abranger muitos pecadores. Pois são chamados de santos os fiéis que se fizeram povo de Deus (I Pedr 2,9; Os 2,1), e que pela fé e recepção do batismo se consagravam a Cristo, embora sejam fracos em muitos pontos, e não cumpram o que prometeram.
De modo análogo, os que fazem profissão de uma arte conservam o nome de artista, ainda que não sigam os cânones do seu ofício. Assim é que São Paulo chama aos Corintios de "santos e santificados" (I Cor 1,2). Não obstante, sabemos que, em termos pesados, injuriou alguns deles por causa de seu espírito carnal.

Por que é o corpo místico de Cristo: A Igreja é ainda santa, porque está unida como corpo a uma cabeça santa, Cristo Nosso Senhor (Efes 4,15-16), fonte de toda a santidade (Dan 9,24; Is 41,14; Lc 1,35), da qual dimanam os dons do Espírito Santo e as Riquezas da bondade divina (Efes 2,7; 3,8; 3,16-19).
Nas belas explicações que faz das palavras do Profeta: "Guardai a minha alma, porque sou santo"(Sal 85,2), diz Santo Agostinho: "Atreva-se também o corpo de Cristo, atreva-se também o último homem, clamando nos confins da terra, a dizer em união com sua cabeça e debaixo de sua dependência: Eu sou santo. Pois recebeu a graça de santidade, que é a graça do batismo e da remissão dos pecados". - E mais adiante prossegue: "Se todos os cristãos e fiéis que se batizaram em Cristo, de Cristo se revestiram, como diz o Apóstolo: Todos vós que fostes batizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo (Gal 3, 27); se os que se tornaram membros de seu corpo (Efe 5,26-27) afirmam que não são santos - fazem agravo a própria cabeça, cujo os membros são santos" (Santo Agostinho).

Porque tem os meios de santificação: Uma vez  a mais é que só a Igreja possui o culto legítimo do Sacrifício e o uso salutar dos Sacramentos, meios eficazes, pelos quais Deus opera a verdadeira santidade. Por conseguinte, é impossível haver verdadeiros santos fora desta Igreja.
Torna-se pois evidente que a Igreja é Santa (Efes 1,1-4), e realmente Santa, porque é Corpo de Cristo, que a santifica e purifica pelo seu Sangue (Efes 1,7-23; 5,26).



(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

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