Catecismo Romano: Creio na Santa Igreja Católica (Parte VI)

O mistério da Igreja :

1º O aspecto mais negativo: Rematando as instituições sobre a Igreja, os párocos (em suas paróquias) devem explicar sob qual aspecto pertence aos artigos de fé a obrigação de crermos na Igreja. Tanto pela razão, quanto pelos sentidos pode alguém conhecer que na terra existe uma Igreja, isto é, um conjunto de homens que se uniram e se consagraram a Cristo Nosso Senhor, Nem se querer fé, para admitirmos sua existência, pois que até judeus e turcos a não contestam.

Mas, quanto aos mistérios que a Igreja de Deus encerra em si mesma, o alcance natural de nossas inteligência. Por isso, motivos de peso levam-nos a confessar que não é pela força da razão, mas pelas luzes da fé, que se pode conhecer as origens da Igreja, e todos os seus dons e mistérios.

2º Aspectos mais positivos: De certo a Igreja não é obra dos homens. Seu autor é o próprio Deus imortal, que a edificou sobre uma rocha inabalável (Mt 16,18), como assegura o profeta: "Ele  mesmo, o Altíssimo, deitou seus fundamentos" (Sal 86,5). Por isso a Igreja se chama "herança de Deus" (Sal 2,8; 27,9; 32,12).

Humano não é o poder que recebeu, mas foi-lhe outorgado por mercê divina. Não é o pode comparar-se com formas naturais. Portanto, unicamente pela fé chegamos a compreender que na Igreja estão as chaves do Reino do Céus (Mt 16,19; 18,18), e que a ela foi dado o poder de remitir pecados (Jo 20,23), lançar anátemas (Mt 18,17), e consagrar o verdadeiro Corpo de Cristo (Lc 22,19 ss; 1Cor 11,23 ss; Heb 13,10); afinal que "os cidadãos que nela habitam, cá em baixo não tem morada permanente, mas buscam a vindoura" (Heb 13,14).

Modo de exprimi-lo: Cremos nas três pessoas da Santíssima Trindade, de feição que n'Elas assentamos a base da nossa fé.
Usando aqui outra maneira de exprimir nossa fé, professamos crer a santa e  não na Santa Igreja (Credo - Sanctam Ecclesiam Catholicam). Pela diferença da fórmula, distinguimos entre Deus criador e as coisas criadas, e em todos os admiráveis dons conferidos à Igreja não vemos senão benefícios da bondade divina.

A comunhão dos Santos

A comunhão dos Santos no Céu: São João Evangelista, escrevendo aos fiéis acerca dos mistérios Divinos, indicou o motivo por que lhes dava tal instrução: "Para que também vós tenhais comunhão conosco, e para que nossa comunhão seja com o Pai, e Seu Filho Jesus Cristo" (1Jo 1,3). Esta comunhão consiste na Comunhão dos Santos, da qual vai tratar o presente artigo.

Prouvera  Deus que, nesta explicação, os reitores das Igrejas imitassem o zelo de São Paulo (Rom 12,4ss; 1Cor 12,12; 4ss; Efe 1,22 ss; 4,4 ss; 5,25; Heb 12,22 ss) e dos outros Apóstolos. Não é apenas um comentário do artigo anterior , e uma doutrina abundante de frutos, mas indica-nos também qual é a aplicação, que se deve tirar dos Mistérios contidos no Símbolo dos Apóstolos.

Pois, se temos de estudar e considerar todos estes mistérios, não o fazemos senão para sermos admitidos a sublime e venturosa Comunhão do Santos, e para depois peserverarmos nela com toda a constância, "agradecemos jubilosos a Deus Pai, que nos fez dignos de partilhar, na luz (Sal 35,10), a herança dos Santos" (Col 1,11).

Ante de tudo, devemos explicar aos fiéis que o artigo presente é uma ampliação do anterior, que trata da Igreja Una, Santa, Católica.
Sendo, pois, um só Espírito que a governa, todas as graças conferidas a Igreja se tornam bem comum de todos. Os frutos de todos os sacramentos aproveitam a todos os fiéis. São uma espécie de vínculos sagrados que os unem e predem a Cristo; mormente o Batismo que, quase por uma porta, nos faz entrar no grêmio da Igreja.

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

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