Nossa Senhora do Sábado: Maternidade Espiritual

66 - Em que sentido nós católicos chamamos Maria de Mãe?

Maria é nossa verdadeira Mãe, não evidentemente carnal, mas espiritual. De fato, mãe é aquela que coopera para dar a vida e, tendo dado, a protege até que tenha alcançado o pleno desenvolvimento.
Ora, Maria coopera com o Redentor para nos dar a vida sobrenatural da graça. A graça é uma nova vida: "Quem não nascer de novo..." disse Nosso Senhor. Portanto, desde o momento em que Maria coopera para nos dar essa vida da graça, se tomou nossa Mãe espiritual.

67 - Quando Maria nos gerou para a vida da graça?
Ela concebeu-nos para a vida da graça, no momento em que o Filho de Deus se fez homem no seu seio puríssimo, no momento da Encarnação. Porque, como ensina São Paulo: "Somos um só corpo em Cristo" (Rom. 12, 5). "Com seu consentimento para tornar-se Mãe de Deus, escreve São Bernardino de Sena, trouxe a salvação e a vida eterna a todos os eleitos, de sorte que se pode dizer que, naquele instante, nos acolheu em seu seio, conjuntamente com o Filho de Deus" (Tract. de B.M.V. Ser. VIII, art. 2).
Maria gerou-nos para a vida da graça no Calvário, quando se tornou nossa Co-redentora: "Maria é Mãe de todos os cristãos, por havê-los gerado no Calvário entre os supremos tormentos do Redentor" (Leão XIII - Enc. Quam pluries).
68 - Efetivamente, para cada um de nós, quando Maria se tornou nossa Mãe?
No momento em que fomos incorporados a Cristo, pela nossa inserção no Corpo Místico, no dia em que "nascemos de novo", no nosso batismo. Aquele que renasce para a vida da graça torna-se outro Cristo e, como tal, filho de Maria. Embora Maria possa se dizer também Mãe até mesmo dos infiéis, num sentido mais amplo, enquanto todos os homens podem se dizer filhos de Deus.

69 - Onde estão as provas de que Maria é nossa Mãe?

1) Na Sagrada Escritura: Em todos aqueles lugares em que Nosso Senhor se refere aos discípulos como "irmãos"; São Paulo fala de Jesus como "primogênito"; São Paulo fala ainda da nossa incorporação ao Corpo Místico, cuja Cabeça é Cristo: "Vós sois corpo de Cristo e membro de membros" (I Cor. 12, 27); "Ele é a cabeça do corpo da Igreja" (Col. 1, 18). Assim, Maria é Mãe de todo o Corpo Místico: Cabeça, Jesus Cristo; e membros, os fiéis.
Mas foi, sobretudo, no momento mais solene da vida de Nosso Senhor sobre a terra que Ele quis promulgar Maria nossa Mãe: "Mulher, eis aí teu filho" e voltando-se para o discípulo: "Eis tua Mãe". Comentando este trecho, Leão XIII afirma: "Na pessoa de João, segundo o pensamento constante da Igreja, designou Cristo o gênero humano, principalmente aqueles que aderem a Ele pela Fé" (Enc. Adjutricem populi christiani).
2) Na Tradição constante da Igreja, desde os primeiros séculos: nos escritos dos Santos Padres e doutores, nas liturgias mais antigas e no Magistério ordinário dos Papas.
A Maternidade espiritual de Maria com relação a nós é uma conclusão teológica tirada da sua Maternidade divina. Ela e nossa Mãe, porque é Mãe de Deus, Mãe do Redentor.
70 - Poderia explanar mais essa verdade tão consoladora ?
A melhor explanação desse suavíssimo mistério da maternidade espiritual de Maria encontramos em São Pio X:
"Não é Maria, Mãe de Deus? - Portanto, é Mãe nossa também. Pois deve- se estabelecer o princípio de que Jesus, Verbo feito carne, é ao mesmo tempo Salvador do gênero humano. Em conseqüência, como Deus Homem, Ele tem um corpo qual os outros homens; como Redentor do nosso gênero, um corpo espiritual, ou, como sói dizer-se místico, que outra coisa mais não é do que a comunidade dos cristãos unidos a Ele pela Fé. A Virgem, pois, não concebeu o Filho de Deus só para que, d’Ela recebendo a natureza humana, se tornasse homem; mas a fim de que Ele se tornasse, mediante esta natureza d’Ela recebida, o Salvador dos homens (...) Por isso, no seio virginal de Maria, onde Jesus assumiu a carne mortal, lá mesmo Ele se agregou um corpo espiritual, formado de todos os que deviam crer n’Ele. E pode dizer-se que Maria, trazendo a Jesus nas suas entranhas, trazia também a todos aqueles cuja vida o Salvador continha. Todos, portanto, que, unidos a Cristo, somos, consoante as palavras do Apóstolo, "membros de seu corpo, de Sua carne, de Seus ossos" (Ef. 5, 30), devemos crer-nos nascidos da Virgem, de onde um dia saímos, qual um corpo unido à cabeça. E, por isso, somos chamados, num sentido espiritual e místico, filhos de Maria, e Ela é, por sua vez, nossa Mãe comum. Mãe espiritual, contudo verdadeira Mãe dos membros de Jesus Cristo quais somos nós" (Enc. Ad diem illum).

Fonte: Catecismo de Nossa Senhora (Publicções Ontem, Hoje e Sempre - Campos RJ) - 1997

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