Segunda-feira da 4ª Semana da Quaresma

A Epístola de hoje refere o célebre julgamento de Salomão. Uma das mulheres que requeriam justiça abafara o filho durante o sono e invejava o da rival, que vivia. Esta mulher é a figura da Sinagoga, cujos príncipes sufocaram pela sua indiferença a vida religiosa em Israel e invejvam a fortuna dos gentios aos quais a Igreja confere  a vida nova por meio do Batismo e da Penitência. O Evangelho foi escolhido  por aludir  ao templo de Salomão. Mas uma vez a Igreja se empenha em mostrar, como de resto o fez durante toda a Quaresma, que a história do Antigo Testamento  não é mais que a preexistência figurada de tudo o que a Igreja e de Jesus Cristo iam de realizar mais tarde.

Epístola

Leitura do Livro de I Reis (3, 16-28)  : Naqueles dias: Vieram duas prostitutas apresentar-se ao rei. Uma delas disse: Ouve, meu senhor: Esta mulher e eu habitamos na mesma casa, e eu dei à luz junto dela no mesmo aposento. Três dias depois, deu também ela à luz. Ora, nós vivemos juntas, e não havia nenhum estranho conosco nessa casa, pois somente nós duas estávamos ali. Durante a noite morreu o filho dessa mulher, porque o abafou enquanto dormia. Levantou-se ela então, no meio da noite, e enquanto a tua serva dormia, tomou o meu filho que estava junto de mim e o deitou em seu seio, deixando no meu o seu filho morto. Quando me levantei pela manhã para amamentar o meu filho, encontrei-o morto; mas, examinando-o atentamente à luz, verifiquei que não era o filho que eu dera à luz. É mentira!, replicou a outra mulher, o que está vivo é meu filho; o teu é que morreu. A primeira contestou: Não é assim; o teu filho é o que morreu, o que está vivo é o meu. E assim disputavam diante do rei. O rei disse então: Tu dizes: é o meu filho que está vivo, e o teu é o que morreu; e tu replicas: não é assim; é o teu filho que morreu, e o meu é o que está vivo. Vejamos, continuou o rei; trazei-me uma espada. Trouxeram ao rei uma espada. Cortai pelo meio o menino vivo, disse ele, e dai metade a uma e metade à outra. Mas a mulher, mãe do filho vivo, sentiu suas entranhas enternecerem-se e disse ao rei: Rogo-te, meu senhor, que dês a ela o menino vivo; não o mateis; a outra, porém, dizia: Ele não será nem teu, nem meu; seja dividido! Então o rei pronunciou o seu julgamento: Dai, disse ele, o menino vivo a essa mulher; não o mateis, pois é ela a sua mãe. Todo o Israel, ouvindo o julgamento pronunciado pelo rei, encheu-se de respeito por ele, pois via-se que o inspirava a sabedoria divina para fazer justiça.

Evangelho do dia:

Leitura do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (2, 13-25) : Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de moedas. Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas. Disse aos que vendiam as pombas: Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes. Lembraram-se então os seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa me consome (Sl 68,10). Perguntaram-lhe os judeus: Que sinal nos apresentas tu, para procederes deste modo? Respondeu-lhes Jesus: Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias. Os judeus replicaram: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu hás de levantá-lo em três dias?! Mas ele falava do templo do seu corpo. Depois que ressurgiu dos mortos, os seus discípulos lembraram-se destas palavras e creram na Escritura e na palavra de Jesus Enquanto Jesus celebrava em Jerusalém a festa da Páscoa, muitos creram no seu nome, à vista dos milagres que fazia. Mas Jesus mesmo não se fiava neles, porque os conhecia a todos. Ele não necessitava que alguém desse testemunho de nenhum homem, pois ele bem sabia o que havia no homem.

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

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