Teologia Ascética e Mística: Da Parte de Jesus na Vida Cristã (Parte III)

Jesus Cisto é um modelo universal. E mostrando-se também cheio de encanto. Havia anunciado que, tanto fosse elevado da terra (fazendo alusão ao suplício da cruz) atrairia tudo e todo a si: "Et ego, si exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum".

Esta profecia realizou-se: ao verem o que Jesus fez e sofreu por eles, os corações generosos se apaixonam-se de amor para o divino Crucificado e conseguintemente para com a cruz; a despeito das repugnâncias da natureza, levam esforçadamente as suas cruzes interiores e exteriores, quer para mais se parecerem com seu divino Mestre, quer para lhe dar testemunho o seu amor, sofrendo com Ele e por Ele, quer para terem parte mais abundante nos frutos da redenção e colaborarem com Ele na santificação de seus irmãos. É o que aparece na vida dos santos, que correm com mais sofrimentos atrás das cruzes que os mundanos atrás dos prazeres terrenos.

Este poder de atração é tanto mais forte quanto mais eficaz é a graça: como todas as ações de Jesus, antes da sua morte, eram meritórias, mereceu-nos a graça de as praticar semelhantes; quando consideramos a sua humildade e pobreza, mortificação e demais virtudes, sentindo-nos arrastados a imitá-lo não somente pela força persuasiva dos seus exemplos, mais ainda pela eficácia, das graças que Ele nos mereceu, praticando as virtudes, e nos concede nesta ocasião.

Há sobretudo certas ações de Nosso Senhor, as quais, que por mais importantes, nos devemos unir de modo especial, visto conterem graças mais abundantes: São os seus mistérios. Assim, por exemplo, o Mistério da Incarnação mereceu-nos uma graça de renuncia a nós mesmo e de união com Deus, visto que Nosso Senhor, nos ofereceu consigo, pra nos consagra todos a seu Pai; o Mistério da Crucifixão mereceu-nos a graça de crucificar-nos a carne e as suas concupiscências; o Mistério da Morte nos mereceu morrer para o pecado e suas causas, etc.

Isto compreenderemos melhor, vendo Jesus como a cabeça do corpo místico dos quais nós somos os membros.

(Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - AD. Tanquerey - 1961)

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