Sexta-Feira da Cruz de Nosso Senhor: Da crucifixão de Jesus

Diz S. Agostinho não haver morte mais acerba que a morte da cruz (Tract. 36 in Jo), pois, como nota S. Tomás (P. III q. 46, a. 6), os crucificados têm os pés e as mãos transpassados, partes essas que sendo compostas de nervos, músculos e veias, são extremamente sensíveis à dor: e o só peso do corpo pendido faz que a dor seja contínua e se aumente sempre mais até à morte. Mas as dores de Jesus ultrapassavam todas as outras dores, pois, como diz o Angélico, o corpo de Jesus Cristo, sendo de delicadíssima compleição, era mais sensível e sujeito às dores: corpo que foi expressamente preparado pelo Espírito Santo para sofrer como ele predissera e conforme o atesta o Apóstolo: “Vós me preparastes um corpo” (Hb 10,5).

 Além disso, S. Tomás diz que Jesus Cristo suportou uma dor tamanha que só ela seria suficiente para satisfazer a pena que mereciam temporalmente os pecados de todos os homens. Afirma Tiepoli que na crucifixão deram vinte e oito marteladas sobre suas mãos e trinta e seis sobre seus pés.
Minha alma, contempla o teu Senhor, contempla tua vida que pende desse madeiro: “E será tua vida quase pendente diante de ti” (Dt 28,66). Vê como naquele patíbulo doloroso, suspenso desses cravos cruéis, não encontra posição nem repouso. Ora se apóia sobre as mãos, ora sobre os pés, mas onde se firma aumenta a dor. Ora volve a dolorosa cabeça para uma parte, ora para outra, se a deixa cair sobre o peito, as mãos e os pés rasgam-se mais com o peso, se a deita sobre os ombros, estes ficam feridos pelos espinhos; se a apóia sobre a cruz, enterram-se os espinhos ainda mais na sua cabeça.
Ah, meu Jesus, que morte horrível é a que sofreis. Meu Redentor crucificado, eu vos adoro nesse trono de ignomínia e de dores.

Leio que está escrito nessa cruz que sois rei: “Jesus Nazareno, Rei dos judeus”. Mas afora este título de escárnio, qual outro sinal de vossa realeza? Ah, essas mãos cravadas, essa cabeça coroada de  espinhos, esse trono de dores, essas carnes dilaceradas vos fazem conhecer por rei, mas rei de amor. Aproximo-me, pois, humilhado e contrito, para beijar vossos pés sagrados trespassados por meu amor; abraço essa cruz, na qual, vítima de amor, quisestes sacrificar-vos à justiça divina por mim, “feito obediente até à morte de cruz”. Ó feliz obediência, que nos obtém o perdão dos pecados. E que seria de mim, ó meu Salvador, se vós não tivésseis pago por mim? Agradeçovos, meu amor, e pelos merecimentos dessa sublime obediência vos peço que me concedais a graça de obedecer em tudo à vossa divina vontade. Desejo o paraíso unicamente para sempre vos amar e com todas as minhas forças.

V. Senhor, não nos trateis segundo os nossos pecados.
R. Nem nos castigueis segundo as nossas iniquidades.

Para um Bom Católico a sexta-feira é dia de Penitência e dia de meditar sobre a paixão do Senhor!

Para os mundanos dia de ignorar o Senhor em sua Cruz e agonia.

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os
sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes
Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I

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