Sexta-Feira da Cruz de Nosso Senhor: Da crucifixão de Jesus II

Eis que o rei do céu, suspenso naquele patíbulo, começa a expirar. Perguntemos-lhe com o profeta: “Que são essas chagas no meio de tuas mãos?” (Zc 13,6). Responde por Jesus o Abade Roberto: São sinais do grande amor que vos tenho, são o preço pelo qual eu vos livro das mãos dois inimigos e da morte. Ama, pois, ó alma fiel, ama a teu Deus que tanto te amou, e, se ainda duvidas de seu amor, olha, diz S. Tomás de Vilanova, olha para aquela cruz, para aquelas dores e aquela morte acerba que ele sofreu por ti e essas provas te farão conhecer claramente quanto te ama o teu Redentor (Conc. 3 dom. 17 p. Pent.). S. Bernardo ajunta que a cruz clama, clama cada chaga de Jesus que ele vos ama com verdadeiro amor. Ó meu Jesus, como vos vejo cheio de dores e triste! Tendes muita razão em pensar que vós tanto sofrestes, chegando até a morrer de dores nessa madeiro e que afinal tão poucas alas vos amarão. 

Ó Deus, ainda agora, quantos corações, apesar de a vós consagrados, não vos amam ou vos amam muito pouco. Ah, belas chamas de amor, vós que consumistes a vida de um Deus sobre a cruz, consumi-me também, consumi todos os afetos desordenados que vivem no seu coração e fazei que eu viva ardendo e suspirando exclusivamente por esse meu amado Senhor, que quer acabar a vida consumido pelos tormentos, por meu amor, num patíbulo infame. Meu amado Jesus, quero amar-vos sempre, e quero amar unicamente a vós, meu amor, meu Deus, meu tudo.

4. “Teus olhos verão o teu preceptor” (Is 30,20). Foi prometido aos homens poderem ver com os próprios olhos seu divino Mestre. A vida inteira de Jesus foi contínuo exemplo e escola de perfeição, mas sem nenhuma parte nos ensinou melhor suas mais belas virtudes do que sobre a cátedra da cruz. Como daí nos ensinou bem a paciência, especialmente no tempo das doenças, já que na cruz Jesus sofreu corajosamente com suma paciência as dores de sua atrocíssima morte. Aí, com seu exemplo nos ensinou uma estrita obediência aos divinos preceitos, uma perfeita resignação com a vontade de Deus e sobretudo ensinou-nos como se deve amar. O P. Paulo Segneri, o moço, escreve a uma penitente sua que escrevesse aos pés do Crucifixo: “Eis aqui como se ama”. Eis aqui como se ama, é o que parece dizer a todos o próprio Redentor do alto da cruz, quando nós, para não sofrer qualquer desgosto, abandonamos as obras de seu agrado e por vezes chegamos a renunciar até à sua graça e ao amor. Ele nos amou até à morte e não desce da cruz senão depois de ter deixado de viver. Ah, meu Jesus, vós me amastes até à morte: até à morte vos quero amar. No passado eu vos ofendi e traí muitas vezes. Senhor, vingai-vos de mim, mas com vingança de compaixão e amor: dai-me uma tal dor de meus pecados, que me faça viver sempre contrito e aflito por vos haver ofendido. Eu protesto preferir sofrer todos os males no futuro e vos desgostar. E que maior desgraça poderia suceder-me que vos desgostar a vós, meu Deus, meu Redentor, minha esperança, meu tesouro, meu tudo.

V. Senhor, não nos trateis segundo os nossos pecados.
R. Nem nos castigueis segundo as nossas iniquidades.

Para um Bom Católico a sexta-feira é dia de Penitência e dia de meditar sobre a paixão do Senhor!

Para os mundanos dia de ignorar o Senhor em sua Cruz e agonia.

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os
sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes
Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I

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