Nossa Senhora do Sábado: Nossa Senhora dos Remédios


(Totolpec - México - 10 de Julho de 1520)

Cada leitor, é claro, poderá por si tirar as conseqüências ou indagar as causas; mas o fato histórico é que a Divina Providência operava milagres mais assiduamente nas épocas em que havia clara divisão e até contendas definidas entre a verdade e o erro, ou seja entre o ensino da única Igreja verdadeira ­a Católica, Apostólica, Romana - de um lado; e de outro, os erros do paganismo ou da heresia.

Assim, ocorreram, por exemplo, muitos milagres nas lutas que católicos travaram com muçulmanos ou protestantes. Como também, de modo semelhante, por ocasião da gesta realizada pelos conquistadores na América e do trabalho apostólico dos missionários, quando povos pagãos açulados por seus chefes religiosos, ferozmente os combatiam.

Um fato milagroso desse gênero comemora-se no dia IOdo presente. E teve lugar onze anos antes das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira Principal da América Latina, instituída oficialmente por São Pio X.

A 10 de julho de 1520, João Rodrigues Villaforte e outros conquistadores espanhóis foram escorraçados pelos indígenas para fora da Cidade do México. Encaminharam-se então pela via de Tacu­ba até chegarem ao morro Totoltepec, localizado nos arredores da capital mexicana. Lá - como está registrado no Arquivo de Índias, na Espanha ­"fizeram grandes clamores e orações. Estando nisso com muita aflição, apareceu a Virgem Mãe de Deus para seu remédio e favor. E de tal maneira Ela os concedeu que dali em diante começaram a reme­diar-se e a ter boa e próspera vitória e tornaram a ganhar a grande cidade [do México], onde logo se plantou a Santa Fé Católica ".

Isto sucedeu depois que Fernando Cortez, o principal conquistador, fez erguer um altar a Nossa Senhora no grande templo de Huitzilopochtli, ou deus da guerra, e nele colocou uma imagem (de Nossa Senhora dos Remédios, segundo tudo indica).

É certo que uma imagem com tal invocação veio da Espanha com a expedição de Cortez; e pouco depois dessa entronização no templo asteca deu-se a aparição da Virgem Santíssima sob a invocação dos Remédios, como se constata por indícios da narração no mencionado Arquivo de Índias. E, ademais, porque a imagem que João Rodrigues Villa­forte levara na referida retirada por Tacuba era de Nossa Senhora dos Remédios.

O cronista Bernal Dias do Castelo relata, com efeito, que Cortez pedira ao imperador asteca Moc­tezuma que "se fizesse ali um altar para colocar a imagem de Nossa Senhora e uma cruz, e que com o decurso do tempo veriam quão bons e proveitosos são para suas almas e para lhes dar saúde e boas plantações e prosperidades .... E ao fim de muitas palavras que sobre aquilo houve, pôs-se nosso altar afastado dos malditos ídolos e a imagem de Nossa Senhora e lima cruz e com muita devoção, e todos dando graças a Deus, disseram Missa cantada o Padre da Mercê e ajudava a Missa o clérigo João Dias e muitos de nossos soldados; e ali mandou pôr nosso capitão 11m soldado velho para que tivesse guarda... "

Devido aos zigue-zagues ocorridos durante a árdua conquista do México, a imagem teve que ser escondida no morro Totoltepec, encontrando-a o cacique asteca João da Águia. Após venerá-la du­rante algum tempo em sua casa, o chefe indígena construiu-lhe uma ermida em Totoltepec. Anos mais tarde, por instâncias do regedor García de Albornoz perante a Câmara Municipal, foi construído o santuário votado à veneração da imagem, sendo o mesmo dedicado em 1575.

Em circunstâncias de grande aflição pública, a imagem de Nossa Senhora dos Remédios era transportada para rogativas solenes à capital mexicana. Como refere o historiador peruano Pe. Vargas Ugarte, "em todas essas ocasiões era grande a aclamação com que a recebia a cidade e inumerável o concurso que a acompanhava no trajeto formando parte da comitiva as autoridades, tanto eclesiásticas quanto civis, e celebrando em honra delas festas e novenas, nas quais se prodigalizava o esplendor". Uma das mais notáveis deu-se em 1810, durante a qual se suplicou a Nossa Senhora que favorecesse as armas espanholas contra o invasor Bonaparte. E a Mãe de Deus atendeu o pedido dos fiéis mexicanos.

O culto a Nossa Senhora dos Remédios contribuiu, pois, para o combate à idolatria dos indígenas e aos erros revolucionários que o invasor corso difundiu pela Europa.

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Fontes de referência:

Pe. Rubén Vargas Ugarte, Historia del Culto de Maria en Ibero-américa y de sus Imágenes y Santuá­rios más celebrados, Talleres Gráficos Jura, Madrid, 1956,3ª ed., t. I, pp. 204-206.

Fonte: Catolicismo

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