Sexta-Feira da Cruz de Nosso Senhor: Da crucifixão de Jesus III

6. Enquanto Jesus agonizava sobre a cruz, os homens não cessavam de atormentá-lo com impropérios e zombarias. Uns lhe diziam: “Salvou os outros e não pode se salvar a si mesmo”. Outros: “Se é o rei de Israel, desça da cruz”. E que faz Jesus na cruz, enquanto o injuriam? Talvez pede a seu Pai que os castigue? Não, ele pede que lhes dê o perdão: “Pai, perdoai-lhes; não sabem o que fazem” (Lc 23,32). Para demonstrar seu imenso amor pelos homens, diz S. Tomás (p. III q. 47, a. 4), o Redentor pediu a Deus perdão para seus perseguidores. Pediu-o, pois eles depois de o verem morto se arrependeram de seus pecados: “Voltavam batendo no peito”. Ah! meu caro Salvador, eis-me aos vossos pés: eu fui um dos vossos mais ingratos perseguidores: pedi a vosso Pai para que ele me perdoe também a mim. É verdade que os judeus e os algozes não sabiam, ao crucificar-vos, o que faziam; eu, porém, muito bem sabia que, pecando, ofendia a um Deus crucificado e morto por mim. Mas o vosso sangue e a vossa morte me mereceram também a mim a divina misericórdia. Eu não posso duvidar de ser perdoado vendo-vos morrer para me obter o perdão. Ah, meu doce Redentor, lançai sobre mim um daqueles olhares amorosos que me dirigistes ao morrer por mim na cruz: olhai-me e perdoai-me todas as ingratidões com que tratei o vosso amor. Arrependo-me, ó meu Jesus, de vos ter desprezado. Amo-vos de todo o meu coração e, à vista de vosso exemplo, porque vos amo, amo também todos aqueles que me ofenderam.Desejo-lhes todo o bem e proponho servi-los e socorrê-los quanto me for possível por amor de vós, meu Senhor, que quisestes morrer por mim que tanto vos ofendi.

7. “Lembrai-vos de mim”, vos disse, ó meu Jesus, o bom ladrão, e foi consolado com vossa resposta: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43). Lembrai-vos de mim, digo-vos também eu; recordai-vos, Senhor, que eu sou uma daquelas ovelhas pelas quais vós destes a vida. Consolai-me, fazendo-me sentir que me perdoastes, dando-me uma grande dor de meus pecados. Ó grande sacerdote, que vos sacrificastes a vós mesmo por amor das vossas criaturas, tende compaixão de mim. Sacrifico-vos de agora em diante a minha vontade, os meus sentidos, as minhas satisfações e todos os meus desejos. Eu creio que vós, meu Deus, morrestes pregado na cruz por mim. Caia sobre mim, vos suplico, o vosso sangue divino: ele me lave de todos  os meus pecados; ele me abrase em vosso santo amor e me faça todo vosso. Eu vos amo, ó meu Jesus, e desejo morrer crucificado por vós que morrestes crucificado por mim. Eterno Pai, eu vos ofendi, mas eis vosso Filho que, preso a esse madeiro, vos satisfaz por mim oferecendo-vos o sacrifício de sua vida
divina. Eu vos ofereço seus merecimentos que são todos meus, visto que ele mos deu; por amor deste Filho vos peço tenhais piedade de mim. A maior compaixão que vos suplico é que me concedais a vossa graça, que eu infelizmente tantas vezes desprezei de livre vontade. Arrependo-me de vos haver ultrajado e vos amo, meu Deus, meu tudo, e para vos satisfazer estou pronto a suportar toda espécie de opróbrios, de dores, de miséria e de morte.


V. Senhor, não nos trateis segundo os nossos pecados.
R. Nem nos castigueis segundo as nossas iniquidades.

Para um Bom Católico a sexta-feira é dia de Penitência e dia de meditar sobre a paixão do Senhor!
Para os mundanos dia de ignorar o Senhor em sua Cruz e agonia.

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I

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