Liturgia Católica: ORIGEM DAS LÍNGUAS LITÚRGICAS

1. No princípio da Igreja nenhuma língua fora proibida para a Liturgia nem por Nosso Senhor nem pelos apóstolos. Jesus Cristo celebrou a missa no cenáculo provavelmente em língua aramaica, que era o idioma popular. Os apóstolos ter-Lhe-do seguido o exemplo.

2. O Contato com os pagãos - Logo que se iniciou a evangelização dos pagãos, as duas línguas mais faladas, a latina e a grega, foram admitidas na Liturgia. Assim, as três línguas, em que estava escrito o título da santa cruz, hebraica (aramaica), grega e latina, serviram à Liturgia.

3. Contato com os conquistadores - No decurso dos séculos houve mudanças nacionais consideráveis. No Ocidente a migração dos povos causou a mistura de vários idiomas. A Igreja não podia continuamente mudar a sua língua litúrgica em favor de línguas nascentes. No Oriente o islamismo, com sua língua arábica, sufocou quase completamente as línguas nacionais. De mais a mais, os povos, que aceitavam a religião cristã, em geral não possuíam os termos necessários para exprimir os mistérios sublimes do cristianismo. A Igreja devia, portanto, guardar a sua língua litúrgica própria, que uma vez para sempre tinha escolhido.
80. 4. As línguas romanas. Em Roma, nos três primeiros séculos, a Liturgia era celebrada em grego. Há várias circunstâncias justificadoras desta asserção:

1) a língua oficial na administração romana era a grega;

2) os cristãos em Roma entendiam o grego, pois a epístola aos romanos foi escrita em grego;

3) os papas e os escritores cristãos em Roma, p. ex., S. Justino, Taciano, escreveram em grego; a Liturgia, de S. Hipólito de Roma está redigida em grego;

4) ainda hoje na missa papal solene o evangelho e a epístola se cantam em grego e latim. Esta cerimônia, no princípio, era necessária por causa dos fiéis que só entendiam o grego. Depois foi conservada para significar que a Igreja católica abrange todos os povos. Restos da língua grega há em várias partes da Liturgia, p. ex., Kyrie, ágios o theós.

81. 5. Mas também a língua latina estava em uso provavelmente já no primeiro século. Pois a Ítala, tradução latina da bíblia feita em meados ou princípio do II século, servia para as leituras sagradas nas reuniões eclesiásticas. A língua da versão, porém, não era a clássica, que se evitava por lembrar o paganismo, mas sim a língua vulgar. Além das duas línguas mencionadas admitiram-se a siriaca, arábica, cóptica, etiópica, arménia, eslávica, romanica. Esta última é a única língua viva; todas as outras são línguas mortas. (Gasparri, Euchar., II, n.° 852; Wernz-Vidal IV n. 397.)


Fonte: Curso de Liturgia - 2ª Edição - Pe. João Batista Reus, S. J. - Ed Vozes Limitada - Petrópolis - Rj 1944

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