Teologia Ascética e Mística: Da luta contra o mundo

O mundo de que neste lugar se trata, não é o conjunto das pessoas que vivem na terra, entre as quais se encontram juntamente almas escolhidas e ímpios. É o complexo daqueles que são oposto a Jesus Cristo e escravos da trípice concupiscência. São pois:
 
1) Os incrédulos, hostis a religião, precisamente porque ela condena o seu orgulho, a sua sensualidade e a sua sede imoderada de riquezas;
 
2) Os indiferentes, que não querem saber duma religião que os obriga a sair de sua indolencia.
 
3) Os pecadores impenitentes, que amam o seu pecado; porque amam o prazer e não querem desembaraçar dele.
 
4) Os mundanos, que crêem e praticam até a religião, mas alidando-o ao amor do prazer, do luxo, do bem-estar, e que por sua vez escandalizam os seus irmãos crentes e incrédulos, fazendo-lhes dizer que a religião tem pouca influência sobre a vida moral. Tal é o mundo que Jesus amaldiçoou por causa de seus escândalos: "Vae mundo a scandalis"(Mat 18,7), e do qual São João disse que estava todo inteiramente mergulhado no mal: " Mundus totus in maligno positus est" (I Jo 5,19).
 
1º Os perigos do mundo: O mundo que penetra até nas famílias cristã e ainda nas comunidades pelas visitas que se fazem ou recebem, pelas correspondências, pelas leituras dos livros e jornais mundanos (poderíamos também acrescentar pelos programas de televião mundanos e pelos vídeos e imagens e textos perversos da internet), é um grande obstáculo à salvação e perfeição; desperta e atiça em nós o fogo da concupiscência: seduz-nos e aterra-nos.
 
Seduz-nos pelas suas máximas, pelo estadear das suas vaidades, pelos seus exemplos perversos.
 
a) pelas suas máximas, que estão em oposição direta com as máximas evangélicas. E com efeito o mundo elogia a felicidade dos ricos, dos fortes e até dos violentos, dos filhos da fortuna, dos ambiciosos, dos que sabem gozar da vida. Com que eloquência prega o amor do prazer: "Coroemos-nos de rosas antes que elas murchem. "Coronemus nos rosis, antequam marcescant!" Então diz ele, não é um dever sagrado aproveitar a nossa juventude, gozar da vida? Há muitos outros que assim fazem, e Deus que é tão bom,  não pode condenar a toda gente. Ora! é preciso ganhar a vida, e se fôssemos, escrupulosos em questão de negócios, não chegaríamos, nunca a enriquecer.
 
b) Pelo estadeardas suas vaidades e dos seus prazeres: a maior parte das reuniões mundanas não tem por fim mais do que lisonjear a curiosidade, a sensualidade e até mesmo a volúpia. Para tornar o vício atraente, dissimula-se sob forma de divertimentos que se chamam de honestos, mas que não deixam de ser perigosos, como os vestidos decotados, as danças, algumas delas sobretudo que parecem não ter outro fim senão favorescer olhares lascivos e enlances sensuais. E o que dizer da maior parte das representações teatrais, dos espetáculos oferecisdos ao público, dos livros licenciosos que se expões por toda a parte?
 
Os maus exemplos não vem, senão, aumentar o perigo: quando se veem tantos jovens que se divertem, tantas pessoas casadas infiéis aos seus deveres, tantos comerciantes e homens de negócio que enriquecem por meios poucos escrupulosos, é forte a tentação de nos deixarmos arrastar por semelhantes desordens. E depois, o mundo é tão indulgente para com as frquezas humanas, que parece dar-lhes alento: um sedutor, é um homem galante; um financeiro, um comerciante que enriquece por meios pouco honestos, é um homem esperto; um livre pensador, é um homem sem preconceitos, que segue as luzes de sua consciência. Quantos se sentem alentados ao vício por apreciações tõ benigna.


(Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - AD. Tanquerey - 1961)

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