Sexta-feira da Cruz de Nosso Senhor: Da esperança que devemos ter na morte de Jesus

7. Assevera S. Leão que foram maiores os bens que nos trouxe a morte de Jesus Cristo, do que os danos a nós causados pelo demônio com o pecado de Adão (Serm. 1, de Asc.). É o que afirma claramente o Apóstolo quando escreve aos Romanos: “Não se deu com o pecado como com o dom. Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5,20). Explica o Cardeal Hugo: A graça de Cristo é de maior eficácia do que o pecado. “Não há comparação entre o pecado do homem e o dom que Deus fez dando-nos Jesus Cristo; foi grande o delito de Adão, mas muito maior a graça que Jesus Cristo nos mereceum com sua paixão. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Eu vim ao mundo, atestou o Salvador, para que os homens, mortos pelo pecado, não só recebam por mim a vida da graça, mas uma vida mais abundante do que a que perderam pela culpa. Motivo esse que levou a santa Igreja a chamar feliz a culpa que nos mereceu ter um tal Redentor.
“Eis o Deus meu Salvador: agirei com confiança e não recearei” (Is 12,2). Se vós sois um Deus onipotente, ó meu Jesus, e sois também meu Salvador, que receios poderei ter de condenar-me? Se no passado vos ofendi, arrependo-me disso de todo o coração: no futuro quero servir-vos, obedecer-vos e amar-vos: espero firmemente que vós, meu Redentor, que tanto fizestes e padecestes por minha salvação, não me negareis graça alguma necessária para salvar-me (S. Boaventura).


“Tirareis águas com alegria das fontes do Salvador e direis nesse dia: Louvai o Senhor e invocai o seu nome” (Is 12,3). As chagas de Jesus Cristo são essas benditas fontes das quais podemos receber todas as graças se com fé lhas pedirmos. “E sairá da casa do Senhor uma fonte, que regará a torrente dos espinhos” (Joel 3,18). A morte de Jesus é essa fonte prometida que irrigou as nossas almas com as águas da graça e transformou em flores e frutos da vida eterna por seus merecimentos os espinhos do pecado. Como diz S. Paulo, nosso amante Redentor fez-se pobre neste mundo para que nós pelo merecimento de sua pobreza nos tornássemos ricos (2Cor 8,9). Pelo pecado nos fizemos ignorantes, injustos, iníquos, escravos do inferno; Jesus Cristo morrendo e satisfazendo por nós, fez-se por Deus nossa sabedoria, nossa santificação e nossa redenção, diz o Apóstolo (1Cor 1,20). Fez-se nossa sabedoria, instruindo-nos; nossa justiça, perdoando-nos; nossa santidade, com seu exemplo; nosso resgate, com sua paixão, livrando-nos das garras de Lúcifer. Em suma, diz S. Paulo, os merecimentos de Jesus Cristo nos enriqueceram de todos os bens, de maneira que nada mais nos falta para receber todas as graças (1Cor 1,5).

Ó meu Jesus, meu Jesus, que belas esperanças me incute vossa paixão. Quanto vos devo, meu amado Senhor. Ah, não vos tivesse eu ofendido. Perdoai-me todas as injúrias que vos fiz: inflamai-me para sempre. E como posso temer não ser perdoado e receber a salvação de todas as graças de um Deus onipotente que me deu todo o seu sangue? Ah, meu Jesus, minha esperança, para não me condenardes, quisestes perder a vossa vida: não quero perder-vos mais, bem infinito. Se vos perdi no passado, eu me arrependo e no futuro não quero perder-vos mais, vós me ajudareis para que eu não vos perca mais. Senhor, eu vos amo e quero amar-vos sempre. Maria, depois de Jesus sois a minha esperança; dizei a vosso Filho que vós me protegereis e serei salvo. Amém.

V. Senhor, não nos trateis segundo os nossos pecados.
R. Nem nos castigueis segundo as nossas iniquidades.

Para um Bom Católico a sexta-feira é dia de Penitência e dia de meditar sobre a paixão do Senhor!

Para os mundanos dia de ignorar o Senhor em sua Cruz e agonia.
Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I

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