Sexta-feira da Cruz de Nosso Senhor: Do amor do Eterno Pai dando-nos o seu Filho


2. Deus nos deu seu Filho e por quê? Só por amor. Pilatos, por temos humano, entregou Jesus aos judeus (Lc 23,25). O Eterno Pai entrega-nos seu Filho, mas pelo amor que nos consagra (Rm 8,32). S. Tomás afirma que numa dádiva o amor vem em primeiro lugar (I q. 38. a. 2). Quando nos fazem um presente, o primeiro dom que recebemos é o amor que o doador nos oferece na dádiva que faz, porque a única razão de um dom gratuito é o amor: quando se dá com outro fim, que não seja o puro afeto, o dom perde a razão de verdadeiro dom. A dádiva que nos fez de seu Filho o Padre Eterno, foi um verdadeiro dom todo gratuito e sem mérito algum da nossa parte. É por isso que se diz que a Encarnação do Verbo foi obra do Espírito Santo, isto é, efetuada por puro amor, como afirma o mesmo santo doutor: “Que o Filho de Deus se revestiu de carne proveio do mais acendrado amor de Deus” (III q. 32, a. 1). Mas Deus não somente nos deu seu Filho por puro amor, mas no-lo deu igualmente com amor imenso. Foi justamente o que quis Jesus significar, dizendo: “Assim amou Deus o mundo”. A palavra assim denota a grandeza do amor, diz S. João Crisóstomo, com que Deus nos fez essa grande dádiva (In Jo. Hom. 26). E que maior amor poderia um Deus demonstrar-nos do que condenar à morte seu próprio Filho, inocente, para nos salvar a nós, míseros pecadores? “Não poupou a seu próprio Filho, mas entregou-o por nós todos” (Rm 8,32). Se o Padre Eterno pudesse padecer, que dor não sentiria ao ver-se obrigado por sua justiça a condenar o Filho, que amava como a si mesmo, a uma morte tão cruel e cheia de ignomínias? Quis que morresse consumido pelos tormentos e pelas dores, diz Isaías (53,10). Imaginai que estais vendo o Padre eterno com Jesus morto nos braços, dizendo-vos: Ó homens, é este o meu Filho muito amado, em
que eu encontrei todas as minhas complacências. Vede como eu o quis ver maltratado pelas vossas iniqüidades (Is 53,8). Ei-lo condenado à morte nessa cruz, aflito, abandonado até de mim, que tanto o amo. E tudo isto eu o fiz para que vós me ameis.

Ó bondade infinita! Ó misericórdia infinita! Ó Deus de minha alma, já que por minha causa quisestes a morte do objeto mais caro ao vosso coração, ofereço-vos por mim o grande sacrifício que vos fez de si mesmo este vosso Filho, e por seus merecimentos vos peço o perdão de meus pecados, o vosso amor, o vosso paraíso. São grandes estes favores que eu vos peço, mas é ainda mais valiosa a oferta que vos apresento. Perdoai-me e salvai-me, ó meu Pai, pelo amor de Jesus Cristo. Se vos ofendi pelo passado, arrependo-me disso mais que de todo o mal e agora eu vos estimo e vos amo mais que todos os bens.


V. Senhor, não nos trateis segundo os nossos pecados.
R. Nem nos castigueis segundo as nossas iniquidades.

Para um Bom Católico a sexta-feira é dia de Penitência e dia de meditar sobre a paixão do Senhor!

Para os mundanos dia de ignorar o Senhor em sua Cruz e agonia.
Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Piedosas e edificantes meditações - sobre os sofrimentos de Jesus - Por Sto. Afonso Maria de Ligõrio - Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R. - VOLUME I


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