Teologia Ascética e Mística: A tática do demônio

O demônio não pode interferir diretamente sobre as nossa faculdades superiores, a inteligência e a vontade. Deus reservou para si este santuário: somente Deus pode penetrar no centro de nossa alma e mover as energias da nossa vontade sem nos fazer violência.

Pode porém, o demônio influir diretamente sobre o corpo, sobre os sentidos interiores e exteriores, em particular sobre a imaginação e a memória, bem como as paixões que residem no apetite sensitivo e por esta via, influir indiretamente sobre a vontade que, pelos diversos movimentos da sensibilidade, é solicitada a dar o seu consentimento. Contudo, como nota Santo Tomás, fica sempre livre para consentir, ou resistir a esses movimentos passionais.

Por outro lado ainda que o poder do demônio seja muito extenso sobre as faculdades sensitivas e sobre o corpo, esse poder é limitado por Deus, que não lhe permite que nos tente acima de nossas forças (I Cor 10, 13).Quem se apoia em Deus com humildade e confiança, está seguro de sair vitorioso.

Não se deve crer, diz São Tomás, que todas as tentações que experimentamos são obras do demônio: a nossa concupiscência, ativada por atos passados e imprudências presentes; basta para explicar o grande número delas. Mas também seria temerário afirmar que ele não tem influência sobre nenhuma tentação, contrariando a doutrina expressa da sagradas escrituras e da sagrada tradição; a sua inveja contra os homens e o desejo, que tem, de os esvaziar, explicam suficientemente a sua intervenção.

Como reconhecer pois, a tentação diabólica? É difícil pois, que as nossas concupiscências basta para nos tentar violentamente. Pode-se dizer contudo que, se a tentação é repentina, violente, e de duração desmesurada, tem nela grande parte o demônio. Em especial pode-se com isto conjecturar, quando a tentação lança na alma uma pertubação profunda e duradoura, quando surge  o gosto de coisas que dão na vista, de mortificações extraordinárias e aparente, sobretudo quando a alma se sente fortemente, inclinada a não dizer nada disso a seu diretor espiritual e desconfia de seus superiores.

(Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - AD. Tanquerey - 1961)

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