Liturgia Católica II: A Quaresma (Parte III)



A Quaresma (dia quadragésimo) significa, primeiro o último de quarenta dias; depois o período de quarenta dias desde a quarta-feira de Cinzas até o meio dia do Sábado Santo.

Origem: A Quaresma segundo a doutrina dos santos padres, foi instituída pela Igreja para imitar o exemplo do divino Redentor, que jejuou 40 dias no deserto. Começava antigamente no primeiro domingo da Quaresma, cuja secreta ainda guarda a lembrança disso, dizendo: "Sacrificium quadragesimalis initii soleimater immolamus". Como, porém, nos domingos não se jejua, no século VII acrescentaram-se quatro dias para se completar os quarentas dias de jejum. Assim o jejum e a quaresma principiam na Quarta-feira de Cinzas. 

O fim da quaresma é indicado pelo papa Leão Magno: 1º Celebrar o sagrado mistério da Paixão e da Ressurreição com pureza da alma e do corpo; 2º Fazer penitência pelas culpas cometidas em outros períodos do ano; 3º Exercer obras de piedade; 4º Atrair para si as obras de misericórdia divina, avivar a confiança e renovar todo o homem interior.

A preparação dos catecúmenos para o Batismo era antigamente costume geral. Na quarta-feira depois do quarto domingo da quaresma recebiam o símbolo (credo in Deum) para decorá-lo. O evangelho deste dia alude ao antigo costume. Conta como o cego curado por Jesus Cristo professou a sua fé com a mesma palavra: Credo, Domine.

O quarto domingo Laetare tem o seu nome da alegria ela Igreja por causa dos muitos filhos (Epístola: Multi filii; evangelho: 5000 homens nutridos, pela Igreja) que lhe nascerão no sábado santo pelo santo sacramento do batismo.  A casula cor de rosa permitida neste domingo tira a sua origem provavelmente da bênção da "rosa de ouro" em Roma.

A reconciliação dos penitentes públicos se fazia na quinta-feira santa. Na segunda, quarta e sexta-feira de tôda a quaresma estavam obrigados a penitência mais rigorosa. Por isso se reza ainda nestes dias o trato: Domine non seeundum peccata nostra, com genuflexão.

4. Um costume particular de Roma eram as estações (statio). Significa esta palavra: a). o serviço de sentinela militar; b) a reunião litúrgica dos cristãos, que se consideravam como soldados de Cristo; c) desde o século IV o culto divino solene celebrado com assistência das freguesias romarias. O clero reunia-se numa igreja determinada (collecta) e ia em procissão, cantando ladainhas, para a Igreja da estação. Estas procissões serviam para aumentar uma solenidade, p. ex., na páscoa; mas, as mais das vezes  tinham o caráter de penitência, como na quaresma ou nas quatro têmporas. O papa Gregório Magno mandou marcar no sacramentário (hoje missal) os dias e lugares das estações.

5. Leis litúrgicas: a) da quarta-feira de cinza até à quarta-feira da semana santa nas missas de féria diz-se Oratio super populum, do modo seguinte: Terminadas as orações do Postcommunio, o Celebrante diz pela terceira vez: Oremos, como de costume; depois, sem se endireitar, conservando as mãos postas e a inclinação profunda à cruz: Humiliate capita vestra Deo; em seguida, terminada a inclinação, a oração com as mãos estendidas. (Rit. celeb. t.XI, n. 2.)

b) as outras regras litúrgicas como no advento (n. 271).

Fonte: Curso de Liturgia - 2ª Edição - Pe. João Batista Reus, S. J. - Ed Vozes Limitada - Petrópolis - Rj 1944

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