Teologia Ascética e Mística: Condições tiradas do sujeito em si mesmo.


Nosso grau de união com Nosso Senhor é evidente: a fonte de nosso mérito é Jesus Cristo, autor de nossa santificação, causa meritória principal de todos os bens sobrenaturais, cabeça dum corpo místico de que somos membros. Quanto mais perto estamos da fonte, tanto mais recebemos de sua plenitude; quanto mais nos aproximamos do autor de toda a santidade, tanto mais graças recebemos; quanto mais unidos estamos à cabeça, tanto mais dela recebemos o movimento e a vida. Não é isto o que nos diz o próprio Jesus Cristo naquela comparação da vida? "Eu sou a videira, vós os ramos... aquele que permanece em mim e eu nele, esse produz muitos frutos: Ego sum vitis, vos palmites... qui manet in me ego in eo, hic fert fructum multum" (João 15,16). Unidos a Jesus, como os sarmentos a cepa, recebemos tanto mais seiva divina quanto mais habitual, atual e estreitamente unidos estamos a cepa divina. E eis aqui o motivo porque as almas fervorosas, ou que o querem vir a ser, em todo o tempo buscaram união cada vez mais íntima com Nosso Senhor Jesus Cristo, eis aqui por que a mesma Igreja nos pede que façamos as nossas ações por Ele, com Ele e n'Ele: por Ele, per Ipsum, pois que "ninguém vai ao Pai sem passar por Ele, nemo venit ad Patrem nisi per me" (João 14,6). Com Ele, cum Ipso, operando com Ele, visto que se digna em ser nossos colaborador; n'Ele, in ipso, isto é, na sua virtude, na sua força, e sobretudo, nas suas intenções, não tendo outras mais do que as deles.

É então que Jesus vive em nós, inspirando os nossos pensamentos, desejos e ações, de tal sorte que podemos dizer como São Paulo: "Vivo, mas não sou eu, quem vive em mim é Cristo: Vivo autem, jam no ego, vivit vero in me Christus" (Gálatas 2,20). É claro que ações praticadas sob o influxo e a ação vivificante de Cristo, com a sua omnipotente colaboração, tem valor incomparavelmente maior que se fossem feitas somente por nós. Por conseguinte, na prática, unamo-nos, amiúde, em particular ao princípio das obras, a Nosso Senhor Jesus Cristo, e as suas intenções tão perfeitas, com a plena consciência da nossa incapacidade para fazermos seja o que for de bom por nós mesmos, e a inabalável confiança de que Ele pode remediar nossas fraquezas

 (Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - [Pág 149] AD. Tanquerey - 1961)

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