Liturgia Católica II: A PROPÓSITO DA REFORMA DO “ORDO MISSAE” (Parte III)


No artigo 50 da Constituição sobre a Liturgia se fala de suprimir no rito revisado “todos os que, com o andar do tempo, se duplicaram ou menos utilmente se acrescentaram”. Desgraçadamente, esta declaração foi redigida em termos muito gerais. Sem dúvida, a maioria dos padres conciliares pensaram aqui no duplo “confiteor” (um ao princípio da missa e outro antes da distribuição da comunhão) como em certas orações privadas do sacerdote e no último evangelho.

O mesmo artigo diz: “restaurem-se, porém, se parecer oportuno ou necessário e segundo a antiga tradição dos Santos Padres, alguns que desapareceram com o tempo". Sem dúvida terão pensado aqui na oração universal, antes do ofertório, e numa mais abundante escolha de prefácios. Do qual falaremos mais
adiante.

Não se teria nada a objetar quanto a estas mudanças, pois com elas não se destruía o rito existente, mas o vivificava e como tinha ocorrido ao longo dos séculos precedentes, se desenvolvia de maneira orgânica. Examinemos agora as novidades ocasionadas pelo “ordo missae” de 1969, por conseguinte, quatro anos depois da revisão de 1965, assim como as contribuições da versão alemã de 1976.

Desde o início da celebração, os ritos de introdução, em grande parte, constituem uma nova criação. Compõem-se de uma “saudação do sacerdote à assembléia” 26 – que pode ser ampliada com uma introdução à missa do dia –, e de um “ato27 penitencial”, ao qual se juntam o “Kyrie” e o “Gloria” ou os textos ou cânticos correspondentes.

Os ritos de introdução, dotados – sobretudo na versão alemã do missal – de numerosas “prescrições de possíveis opções” abrem uma porta enorme ao arbítrio do sacerdote celebrante. Que grande palavreado os fiéis devem suportar desde o começo da missa! Tal como sucede mais de uma vez nas comunidades protestantes.

Quando anteriormente o padre queria instruir a assembléia com um comentário de introdução à missa – o que era e é uma boa coisa – podia fazê-lo antes do começo da missa. Assim a missa não se interrompia com uma segunda “homilia”. Damo-nos conta desta ruptura especialmente agora, durante a missa solene cantada em latim, quando depois do canto inicial, segue-se uma saudação e uma introdução, freqüentemente muito longa, à que se segue o “ato penitencial”.

Recordar com freqüência aos fiéis a necessidade do espírito de penitência, objeto do “ato penitencial”, é certamente importante. Mas podemos nos perguntar se foi bom tê-lo colocado em um lugar fixo dentro da missa e, além disso, se este “reconheçamos que somos pecadores” não se converterá com o tempo numa simples fórmula. É necessário que a importância da “confissão sacramental” não se veja diminuída a nenhum preço.

Fonte: A Reforma Litúrgica Romana - Monsenhor Klaus Gamber - Fundador do Instituto - Tradução por Luís Augusto Rodrigues Domingues (Teresina, PI - 2009) - Litúrgico de Ratisbona - Revisão por Edilberto Alves da Silva

Comentários

POSTAGENS MAIS ANTIGAS