Liturgia Católica II: A PROPÓSITO DA REFORMA DO “ORDO MISSAE” (Parte IV)



A história da liturgia revela que no rito romano, até o final do primeiro milênio, só se efetuava uma silenciosa preparação do sacerdote celebrante. Este, uma vez que tinha entrado na igreja, se colocava aos pés do altar, profundamente inclinado, até depois do “Gloria Patri” do intróito cantado pelo coro. As orações ao pé do altar que se introduziram pouco a pouco e se transmitiram em várias versões, em nenhum momento de sua história foram uma oração dialogada entre o sacerdote e o povo. Foi durante as missas dialogadas dos anos vinte que se instaurou este costume.

O ato penitencial na forma de uma confissão pública dos pecados (confessio publica) é conhecido desde a idade média. Não era recitado no começo da missa, mas depois da homilia. As mais antigas fórmulas que nos foram conservadas remontam ao ano 800. Pertencem junto com o “Pater” e o questionário do batismo, aos mais antigos monumentos litúrgicos do antigo alto-alemão.

No que se refere à liturgia da Palavra (“liturgia Verbi”) do novo “ordo” da missa, pode-se observar simplesmente que não há nenhuma objeção à possibilidade de uma leitura suplementar (tirada do Antigo Testamento) e menos ainda a proclamação de perícopes na língua do país, como o prevê o artículo 36, 2 da
Constituição litúrgica. 

O emprego da língua vulgar do país nas leituras não era raro na liturgia romana dos primeiros tempos. No século IX os propagadores da língua eslava, os santos Cirilo e Metódio, empregaram em suas atividades missionárias, na Morávia, uma tradução em eslavo do Evangeliário latino – feita por eles mesmos.
Na mesma Roma, pelo menos em certos dias, as leituras se faziam em grego para a parte do povo que falava esta língua, permanecendo este costume até o coração da idade média.

Todavia temos nossas reservas quanto ao novo ordenamento das leituras! Para responder ao artigo 35 da Constituição litúrgica, teria sido totalmente normal criar outra série de perícopes para os domingos e uma leitura continua (“lectio continua”) para os dias da semana. Isto teria sido um enriquecimento do antigo
missal. Mas por que razão abolir ao mesmo tempo a ordenamento das antigas perícopes? Voltaremos a falar sobre isto.

Era um antigo costume eclesiástico que o celebrante permanecesse sentado enquanto o leitor proclamava as leituras, o que no rito romano se reserva nada mais que para as missas pontificais; a este respeito não há nada que objetar no novo rito. Tampouco a oração universal que, conforme o artigo 55 da Constituição litúrgica, se coloca ao final da liturgia da Palavra. No mesmo lugar e em todos os ritos se encontram orações deste tipo. Também são  encontradas na mais antiga liturgia romana. O “Oremus” isolado, antes do ofertório, é um testemunho de que isso permaneceu no antigo rito.

Desde a idade média até uma época muito recente, se tinha uma homilia. O sacerdote a pronunciava do alto do púlpito e em língua vernácula, assim como também a “confissão pública” após a homilia. Certamente não era uma solução ideal.

Fonte: A Reforma Litúrgica Romana - Monsenhor Klaus Gamber - Fundador do Instituto - Tradução por Luís Augusto Rodrigues Domingues (Teresina, PI - 2009) - Litúrgico de Ratisbona - Revisão por Edilberto Alves da Silva

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