Teologia Ascética e Mística: Condições Tiradas do objeto ou ato em si mesmo (Conclusão)

A conclusão que se impõe, é a necessidade de santificar todas as nossas ações ainda as mais comuns. É que todas, como dissemos, podem ser meritórias, se as fizermos com os olhos sobrenaturais, em união com o divino operário de Nazaré que, trabalhando na sua oficina, não cessava de merecer por nós. E, se assim é, que progresso não podemos nós realizar num só dia! Desde o primeiro instante do despertar até o deitar, podem-se contar por centenas os atos meritórios que uma alma recolhida e generosa pratica: porquanto, não somente cada uma das ações, mas até, quando a ação se prolonga, cada um dos esforços para a fazer melhor, por exemplo, para repelir as distrações nas orações, para aplicar, o espírito ao trabalho, para evitar uma palavra pouco caritativa, para prestar ao próximo o mínimo de serviço; cada palavra inspirada pela caridade; qualquer bom pensamento de que se tira proveito; em suma, todos os movimentos interiores da alma, livremente dirigidos para o bem são outros tantos atos meritórios que fazem crescer a graça de Deus em nós.

Pode-se pois, dizer com toda as verdade que não há meio mais eficaz, mais prático, mais ao alcance de todos, para se santificar uma alma, do que sobrenaturalizar cada uma das ações; este meio basta por si só para nos elevar em pouco tempo a um alto grau de santidade. Cada ato é então uma semente de graça, porque a faz germinar e crescer em nossa alma, e uma semente de glória, porque aumenta em todo o tempo os nossos direitos a nossa celeste bem-aventurança.

O meio prático de converter assim todos os atos em meritórios, é recolher-se um momento antes da ação, renunciar positivamente a qualquer intenção natural ou má, unir-se a Nosso Senhor, modelo e mediador universal, com o sentimento da própria incapacidade, e oferecer por ele a ação a Deus para sua glória e para o bem das almas; assim entendido, oferecimento muitas vezes renovado das nossas ações é um ato de abnegação, humildade, amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, amor de Deus, amor do próximo; é um atalho maravilhoso para se chegar a perfeição. Para mais eficazmente a alcançarmos, temos ainda a nossa disposição os Sacramentos.

(Fonte: Compêndio de Teologia e Ascética e Mística - AD. Tanquerey - 1961)