12 de Agosto - Santa Clara de Assis, Virgem
Santa Clara, nasceu em Assis, na Itália, filha de pais ricos e piedosos. O nome de Clara
foi-lhe dado em virtude de uma voz
misteriosa que a mãe Hortulana ouviu, quando, antes de dar à luz a filha, fazia
fervorosas orações diante de um crucifixo.
“Nada temas! – disse aquela voz –
o fruto de teu ventre será um grande lume, que iluminará o mundo todo”. Desde pequena, Clara era em tudo bem diferente das
companheiras. Quando meninas dessa idade
costumam achar agrado nos brinquedos e bem cedo revelam também qualidades pouco apreciáveis, Clara fazia exceção à regra. O seu prazer era rezar, fazer caridade e penitência.
Aborrecia a vaidade e as exibições
e tinha aversão declarada aos divertimentos profanos.
Vivia naquele tempo o grande Patriarca
de Assis. São Francisco. A este se dirigiu Santa Clara, comunicando-lhe o grande
desejo que tinha de abandonar o mundo, fazer o voto de castidade e levar uma vida da mais perfeita pobreza. São
Francisco reconheceu em Clara uma eleita
de Deus e animou-a a persistir
nas piedosas aspirações. Depois
de ter examinado e sujeitado a duras provas o espírito da jovem, aconselhou-lhe abandonar a casa paterna e
tomar o hábito de religiosa. Foi num
Domingo de Ramos, que Clara executou este plano, dirigindo-se à Igreja de
Porciúncula, onde São Francisco lhe cortou os cabelos e lhe deu o hábito de penitência. Clara contava apenas 18 anos, quando disse
adeus ao mundo e entrou para o convento das Beneditinas de
Assis.
O
procedimento estranho de clara, provocou
os mais veementes protestos dos pais e parentes, que tudo tentaram , para tirar a jovem do
convento. Clara opôs-lhes firme
resistência. Indo à Igreja, segurou-se ao altar e com a outra mão, mostrou aos
pais a cabeleira cortada e disse-lhes: “Deveis saber que não quero outro esposo,
senão a Jesus Cristo. A este escolhi
e não mais o deixarei”. Clara tinha uma irmã mais moça, de quatorze
anos, de nome Inês. Esta, não
suportando a separação e animada por Clara, poucos dias depois, abandonou
também a casa e entrou para o convento onde Clara estava. Com este gesto não se conformaram os
parentes. Ao convento, foram
no intuito de obrigar a jovem a
voltar trazê-la à viva força para casa, fosse qual fosse a resistência que
encontrariam.
A
resistência realmente foi, tão resoluta
da parte de Inês, que tiveram de
desistir das suas tentativas. Também a
ela São Francisco deu o hábito religioso. Apenas provisória podia ser a estada das duas irmãs no convento das Beneditinas. Francisco havia de dar, pois, providências para colocá-la em outra parte.
Adquiriu a igreja de São Damião e uma casa contígua para as
novas religiosas, às quais, logo
se associaram a outras companheiras. Sob a direção de Clara, formaram estas a
primeira comunidade que,
desenvolvendo-se cada vez mais, tomou a forma de nova Ordem religiosa. Esta Ordem, de origem tão humilde, tornou-se
celebérrima na Igreja Católica, a que
deu muitas santas e muito trabalhou e
trabalha pelo engrandecimento do reino
de Cristo sobre a terra. Obedecendo à
Ordem de São Francisco, Clara aceitou o
cargo de superiora, e exerceu-o durante quarenta e dois anos. Deu à Ordem
regras severas sobre a observância da pobreza. Uma oferta de bens imóveis,
feita pelo Papa, Clara
respeitosamente a recusou. Não só na
observação da pobreza, como também na
prática de outras virtudes, Clara
era modelo exemplaríssimo para as suas
filhas espirituais. Grande lhe foi a
satisfação, quando da própria mãe e de
outras parentas recebeu o pedido de
admissão na Ordem. Além destas, entraram três
fidalgas da casa Ubaldini na nova
Ordem das Clarissas. Julgaram maior honra associar-se à pobreza de Clara do
que viver no meio dos prazeres dum mundo enganador.
Na prática da penitência e
mortificação, Clara era de tanto
rigor, que seu exemplo podia servir mais
de admiração do que de imitação. O
próprio São Francisco aconselhou-lhe que
usasse de moderação, porque do modo de
que vivia e martirizava o corpo, era de
recear que não pudesse ter longa
vida.
Severíssima para consigo, era inexcedível na caridade para com o próximo. Seu maior prazer era servir aos enfermos. Uma das virtudes que se lhe observava, era o
grande amor ao Santíssimo Sacramento.
Horas inteiras do dia e da noite,
passava nos degraus do altar. O SS. Sacramento era seu refúgio, em todos os
perigos e dificuldades.
Aconteceu que a cidade de Assis fosse assediada pelos sarracenos que, a
serviço do Imperador Frederico II,
inquietavam a Itália. Os
guerreiros tinham já galgado o muro, justamente onde estava o
convento das clarissas. A superiora, enferma, guardava o leito. Tendo
notícia da invasão dos bárbaros no convento, Clara levantou-se e, ajudada pelas filhas,
dirigiu-se ao altar do SS. Sacramento, tomou nas mãos a Sagrada Hóstia e assim, munida de Nosso Senhor, dirigiu-lhe o seguinte apelo em voz
alta: “Quereis, Senhor, entregar aos infiéis estas vossas
servas indefesas que nutris com
Vosso amor? Vinde em socorro de
vossas servas, pois não as posso proteger.” Ditas estas palavras, ouviu-se distintamente uma voz dizer: “Serei
vossa proteção hoje e sempre”. Os fatos
provaram que não se tratava de coisa imaginária. Dos sarracenos
apoderou-se um pânico inexplicável;
grande parte deles fugiu às
pressas; alguns, que já haviam galgado o cimo do muro, caíram
para trás. Foi visivelmente a devoção de Santa Clara ao SS. Sacramento, que salvara o convento e a
cidade, do assalto do inimigo.
Outros muitos milagres fez Deus
por intermédio de sua serva, que a
estreiteza de espaço não nos permite narrar.
Clara contava sessenta anos, dos quais
passara 28 anos
sofrendo grandes
enfermidades. Por maiores que
lhe fossem as dores, nenhuma queixa lhe
saía da boca. Na meditação da sagrada
Paixão e Morte de Nosso Senhor achava o
maior alívio. “Como passa bem depressa
a noite, dizia, ocupando-me com a
Paixão de Nosso Senhor”. Em outra
ocasião, disse: “Homem haverá que se queixe, vendo a Jesus derramar todo o seu sangue na
Cruz? Sentindo a proximidade da morte,
recebeu os Santos Sacramentos e
teve a satisfação de receber a visita do Papa Inocêncio IV, que
lhe concedeu uma indulgência plenária.
Quase agonizante, disse ainda
estas palavras: “ Nada temas, minha alma;
tens boa companhia na tua passagem
para a eternidade. Vai em paz, porque Aquele que te criou, te santificou,
te guardou como a mãe ao filho, e te amou
com grande ternura. Vós, porém, meu Senhor e
meu Criador, sede louvado e
bendito”. Esta visão lhe apareceram
muitas virgens, entre as quais uma de
extraordinária beleza, que lhe vieram ao encontro para leva-la ao céu. Santa Clara morreu em 12 de agosto de 1253,
mais em conseqüência do amor divino, do que da doença que a martirizava. Foi em atenção aos grandes e numerosos milagres que se lhe
observaram no túmulo, que o Papa Alexandre IX, dois anos depois, a canonizou.
Fonte: Página do Oriente
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