Liturgia Católica: O tempo do Advento

Coroa do Advento

Na tarde do próximo sábado iniciaremos o novo Ano Eclesiástico, com a celebração do primeiro Domingo do Advento. Os textos deste tempo litúrgico nos recordará o período em que o povo de Deus aguardava com ansiedade a primeira vinda do Redentor. Do mesmo modo, também nos exortará quanto a segunda vinda do Senhor e a necessidade de sermos vigilantes e orantes, para não sermos pegos de surpresa no Grande Dia. 

Estudaremos atentamente a liturgia ritual da Igreja, com os seus sacramentos, ofícios e atos devocionais, e a profundidade dos mistérios da redenção que anualmente celebramos no ano litúrgico. Nas próximas postagens iremos tratar sobre a grandiosidade deste tempo litúrgico e quanto a sua relevância para com a nossa vida espiritual.  

O tempo do Advento - Introdução
 
A palavra advento vem do latim “adventus”, que significa “chegada”. Sua primeira referência remonta ao século IV da era cristã. O sínodo de Saragoça, na península Ibérica, prescrevia um tempo de três semanas em preparação a festa da Epifania. Em Roma, o Sacramentário Gelasiano cita o advento no século V. Em alguns países o advento possuía um caráter parecido com o da quaresma, com seis semanas em jejum, oração e abstinência. Contudo, somente no século VII, Roma acrescentou o aspecto escatológico do advento, recordando a segunda vinda do Senhor, passando a ser celebrado com cinco semanas.

Atualmente, o advento é celebrado com quatro domingos e suas respectivas semanas. Inicia-se com o quarto domingo antes do Natal, encerrando-se logicamente, com a oração de I Vésperas do Nascimento do Redentor. Curiosamente o advento também é celebrado por algumas igrejas protestantes, com a Anglicana, luterana, metodista, batista e outras.

Nas duas primeiras semanas, a Igreja nos convida a meditar nas leituras que falam da segunda vinda gloriosa do Senhor (temática escatológica). O advento é centralizado pela ordem de Cristo que nos pede para “orar e vigiar”: Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor. (São Mateus 24, 42).

Nas duas últimas semanas (entre 17 e 24 de dezembro) nós somos convidados a celebrar a primeira vinda de Cristo, que se fez homem e habitou entre nós (João 1, 14). Durante este período, no ofício de Vésperas, são cantadas as antífonas alegres em honra da Santíssima Virgem Maria, que em breve se tornará a mãe do redentor. Essas antífonas são iniciadas com a letra “Ó”. De onde vem o famoso título de Nossa Senhora do Ó. 

Antífonas do "Ó" 


Die 17 Decembris
O Sapientia
quæ ex ore Altissimi prodisti,
attingens a fine usque ad finem,
fortiter suaviter disponens omnia:
Veni ad docendum nos viam prudentiae
                
17 de dezembro
Ó Sabedoria
que saístes da boca do altíssimo
atingindo de uma a outra extremidade
e tudo dispondo com força e suavidade:
Vinde ensinar-nos o caminho da prudência


Die 18 Decembris
O Adonai
et Dux domus Israel,
qui Moysi in igne flammæ rubi apparuisti
et ei in Sina legem dedisti:
Veni ad redimendum nos in brachio extento
        
18 de dezembro
Ó Adonai
guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moises na chama do fogo
no meio da sarça ardente e lhe deste a lei no Sinai
Vinde resgatar-nos pelo poder do Vosso braço.

Die 19 Decembris
O Radix Jesse
qui stas in signum populorum,
super quem continebunt reges os suum,
quem gentes deprecabuntur:
Veni ad liberandum nos; jam noli tardare
              
19 de dezembro
Ó Raiz de Jessé
erguida como estandarte dos povos,
em cuja presença os reis se calarão
e a quem as nações invocarão,
Vinde libertar-nos; não tardeis jamais.

Die 20 Decembris
O Clavis David
et sceptrum domus Israel:
qui aperis, et nemo claudit;
claudis et nemo aperit:
Veni, et educ vinctum de domo carceris,
sedentem in tenebris et umbra mortis
                
20 de dezembro
Ó Chave de Davi
o cetro da casa de Israel
que abris e ninguém fecha;
fechais e ninguém abre:
Vinde e libertai da prisão o cativo
assentado nas trevas e à sombra da morte.

Die 21 Decembris
O Oriens
splendor lucis æternæ, et sol justitiæ      
Veni et illumina sedentes in tenebris
et umbra mortis.
                
21 de dezembro
Ó Oriente
esplendor da luz eterna e sol da justiça
Vinde e iluminai os que estão sentados
nas trevas e à sombra da morte.

Die 22 Decembris
O Rex gentium
et desideratus earum
lapisque angularis,
qui facis utraque unum:
Veni et salva hominem quem de limo formasti
      
22 de dezembro
Ó Rei das nações
e objeto de seus desejos,
pedra angular
que reunis em vós judeus e gentios:
Vinde e salvai o homem que do limo formastes

Die 23 Decembris
O Emmanuel,
Rex et legifer noster,
exspectatio gentium,
et Salvador earum:
Veni ad salvandum nos, Domine Deus noster
         
23 de dezembro
Ó Emanuel,
nosso rei e legislador,
esperança e salvador das nações,
Vinde salvarnos,
Senhor nosso Deus.

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